ROSANA HESSEL
O Itaú Unibanco acaba de revisar as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021 em menos de 14 dias. Elevou a taxa de 4% para 5%, em função dos dados da atividade do primeiro trimestre virem melhores do que o esperado e de uma expectativa de normalização da taxa de poupança das famílias. Contudo, manteve em 1,8% a previsão de crescimento do PIB de 2022.
O banco privado projeta crescimento de 0,6% no primeiro trimestre na comparação com os três meses imediatamente anteriores e de zero na comparação com o mesmo período de 2020. No último dia 7, a instituição havia revisado de 3,8% para 4% a previsão do PIB deste ano.
As novas previsões do Itaú Unibanco estão bem mais otimistas do que o mercado. Atualmente, a mediana das estimativas para o crescimento do PIB de 2021 está em 3,52% e vem sendo corrigida para cima há cinco semanas consecutivas, conforme dados do boletim Focus, do Banco Central, desta semana.
“Nossa visão para a atividade econômica neste início de ano sempre esteve no segmento mais otimista das expectativas de mercado e, como esperávamos, a atividade econômica não sofreu de forma relevante com a redução dos auxílios emergenciais”, destacou o relatório da equipe liderada pelo economista-chefe Mario Mesquita, divulgado nesta quinta-feira (27/05).
De acordo com o estudo, essa normalização da taxa de poupança vai beneficiar o consumo enquanto a alta de commodities terá efeito positivo no investimento. “Adicionalmente, o nível baixo de estoques no setor industrial ao final do ano passado contribuiu para manter a produção em níveis bem sustentados, apesar da desaceleração na demanda – a propósito, a recuperação de alguns setores industriais poderia ter sido ainda mais forte, se não fosse pela escassez global de certos insumos”, destacou o documento.
A projeção do segundo trimestre, antes negativa em 0,1%, passou para 0,6% na comparação com o trimestre anterior. Essa revisão, segundo o relatório ocorreu devido, principalmente, à recuperação rápida da mobilidade e do consumo de serviços em abril e em maio.
“O consumo de serviços que envolve interação social (bares, restaurantes, hotéis, salões de beleza, etc.) sofreu em março, mas se recuperou bem em abril e maio à medida que diversos estados relaxaram as restrições à mobilidade e funcionamento de estabelecimentos”, informou o documento do banco que projeta expansão de 11,7%, em abril, e de 30,9%, em maio, para o segmento de serviços prestados às famílias na Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que tem relação importante com o PIB do setor.
Para os trimestre seguintes, as taxas de crescimento do PIB, na comparação com os três meses anteriores, serão de 0,7%, informou Mario Mesquita ao Blog.
O relatório do Itaú também alerta para riscos de recrudescimento da pandemia, “mas considera o impacto econômico moderado, como verificado na segunda onda”. A principal aposta dos analistas do Itaú Unibanco é no avanço da vacinação para “reduzir os riscos relacionados à dinâmica do vírus no segundo semestre do ano”. “O principal risco à frente é o surgimento de variantes do vírus que afetem a eficácia das vacinas aqui aplicadas. Entretanto, a disponibilidade de vacinas no segundo semestre será mais diversificada, com tecnologias diversas e com indicações iniciais de que podem se adaptar a novas variantes”, destacou o documento.
O dado oficial do PIB de janeiro a março de 2021 será divulgado na próxima terça-feira (1/06) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).