Itaú reduz projeção do PIB de 2020 e aposta em Selic de 3,75% no fim do ano

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ROSANA HESSEL

Diante dos sinais de desaceleração da economia no primeiro trimestre do ano e do aumento das incertezas, o Itaú Unibanco reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020 para 1,8%. Antes, a expectativa era de alta de 2,2%.

A instituição ainda aposta em novos cortes na taxa de juros básica (Selic), chegando a 3,75% no fim do ano. Na avaliação do banco, devido ao enfraquecimento da atividade doméstica, o Banco Central vai acompanhar os bancos centrais e manter o ciclo de cortes da Selic, atualmente em 4,25% ao ano, para tentar ajudar na recuperação da fraca atividade econômica. A previsão é de uma Selic de 3,75%, até dezembro, e de 4,0% anuais, no fim de 2021.

De acordo com relatório divulgado pela instituição nesta sexta-feira (06/03), a mudança leva em consideração os efeitos negativos da desaceleração da economia global. Para 2021, o banco resolveu manter a projeção em 3%.  Essa previsão para 2020, no entanto, parece otimista diante do aumento das estimativas em torno de uma evolução do PIB de 1,5% ou abaixo desse patamar para este ano. O Banco Fator, por exemplo, prevê expansão de 1,4% e a Capital Economics, de 1,3%, e alguns especialistas avisam que tudo pode piorar em um ano em que o governo dá sinais de não ter uma base forte para fazer reformas muito menos uma agenda mais clara de política econômica. E, para piorar, a equipe liderada pelo ministro Paulo Guedes passou a criar termos nunca antes vistos que estão fazendo Adam Smith se revirar no túmulo e deixando a membros da academia em polvorosa nas redes sociais.

Revisão global

O banco também revisou a projeção de expansão da economia global em virtude do recuo da atividade devido ao alastramento da epidemia Covid19, provocada pelo novo coronavírus. As estimativas passaram de 3,1% para 2,7%. “Respostas de política econômica podem mitigar a piora nas condições financeiras, mas os riscos permanecem elevados”, destacou o relatório.
Pelas novas estimativas do Itaú, a China deverá crescer 5,3%, neste ano, em vez de 5,8%. E a Europa, 0,6%, em vez de 1%. Já a previsão de expansão da América Latina passou de 1,1% para 0,8. A projeção para o PIB dos EUA permaneceu inalterada em 2%.

O Itaú ainda piorou a previsão para as contas públicas devido ao crescimento menor da economia. As estimativas de deficit primário de 1,0% do PIB para 1,1% do PIB em 2020 e de 0,5% do PIB para 0,6% do PIB em 2021. Apesar da forte alta do dólar nos últimos dias, que está cada vez mais perto de R$ 5 , a equipe econômica liderada por Mário Mesquita manteve em R$ 4,15 a previsão para a taxa de câmbio no fim deste ano e no próximo. A projeção de inflação também foi mantida em 3,3% neste ano e 3,5% em 2021.

Vicente Nunes