ROSANA HESSEL
O recuo do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em junho para 3,37%, no acumulado em 12 meses, deixou o indicador da inflação oficial abaixo do centro da meta do Banco Central para este ano, de 4,25% anuais. Esse resultado abre as portas para cortes nos juros neste mês, de acordo com analistas.
Não à toa, crescem as apostas de que o BC iniciará um novo ciclo de queda da Selic (taxa básica da economia), atualmente em 6,50% ao ano. As previsões de corte variam de 0,25 ponto percentual a 1,0 ponto percentual.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para os dias 30 e 31 de julho. “A queda acentuada da inflação brasileira para 3,4% em junho, abaixo da meta do Banco Central, sugere que os formuladores de políticas em breve começarão a aliviar a política monetária”, apostou William Jackson, economista-chefe para Mercados Emergentes da consultoria britânica Capital Economics. Ele considera um corte de 0,25 ponto percentual na Selic neste mês, para 6,25%, bastante “provável”.
“Esperamos que o Banco Central inicie um ciclo moderado de flexibilização das taxas (-100 pontos-base), potencialmente na reunião do Copom de 31 de julho, se o projeto de reforma da Previdência for aprovado na Câmara dos Deputados em dois turnos antes antes do recesso de 18 de julho”, afirmou o economista Alberto Ramos, diretor para a América Latina do Goldman Sachs. Para ele, o conteúdo da reforma é percebido como “sólido o suficiente para manter os mercados financeiros bem ancorados”.
Até maio, a inflação acumulada em 12 meses estava em 4,66%, conforme os dados divulgados nesta quarta-feira (10/07) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em junho, o IPCA avançou apenas 0,01%, ou seja, ficou praticamente estável em relação ao mês anterior, que teve variação de 0,13%. No mesmo intervalo de 2018, o indicador tinha registrado alta de 1,26%. No acumulado do semestre, a taxa de inflação está em 2,23%.