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gasolina Foto: Minervino Junior/CB/D.A Press gasolina

IPCA avança 0,73% em dezembro e encerra 2021 com alta de 10,06%

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,73% em dezembro e, com isso, o indicador da inflação oficial encerrou 2021 com alta acumulada de 10,06%, conforme dados divulgados, nesta terça-feira (11/01), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  É a primeira vez desde 2015 que o indicador encerra o ano na casa dos dois dígitos.

 

O resultado do IPCA ficou acima das projeções do mercado, que chegou até a prever nesta semana uma variação de um dígito, mas errou na revisão que passou para 9,99%, conforme as estimativas do boletim Focus, do Banco Central.  A mediana das expectativas para o IPCA de dezembro era de alta de 0,65%. O dado registrado, de 0,73%, apresenta desaceleração em relação ao salto de 0,95% de novembro, uma vez que não houve reajuste da gasolina no mês passado. O combustível foi um dos vilões da inflação de 2021, com alta de 47,49% no ano. Enquanto isso, o etanol acumulou variação de 62,23% no mesmo período, contribuindo para a alta de 21% no grupo de transportes, que puxou a alta do IPCA. O óleo diesel registrou alta de 46,04%.

 

Mas todos os grupos pesquisados registraram alta no ano, com destaque para alimentação e bebidas e vestuário, que registraram acumularam variações de 7,94% e de 10,31%, respectivamente. Habitação, por sua vez, subiu 13,05% e artigos de residência, 12,07%, segundo dos dados do IBGE. Isso mostra que a inflação continua disseminada na economia, o que será difícil uma desaceleração forte, uma vez que o índice de difusão ficou acima de 70%.

 

De acordo com os dados do IBGE, o aumento de preços ocorreu em 75% dos itens pesquisados em dezembro, acima dos 63% contabilizados em novembro e o maior percentual do ano.

 

Entre os vilões da inflação, além da gasolina e do etanol, o café moído e o pimentão foram os destaques entre os alimentos,  com altas de 50,24% e 39,16%, respectivamente.

 

Estouro da meta

 

A meta de inflação que é determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e precisa ser perseguida pelo Banco Central era de 3,75%, com teto de 5,25% em 2021. Ao descumprir o objetivo, a autoridade monetária precisa encaminhar uma carta justificativa ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que preside o CMN, contendo descrição das causas do descumprimento da meta, as providências para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito. O documento, de acordo com o BC, será informado “oportunamente, de forma ampla e tempestiva”.

Mais tarde, o BC divulgou a íntegra da carta no site da instituição. Esta é a sexta vez que o BC descumpre a meta de inflação desde o início do regime, em 1999, com o custo de vida ficando acima das bandas de tolerância. Em 2001, 2002, 2003 e 2015 a inflação rompeu o teto e, em 2017, o IPCA ficou abaixo do piso.