Investidores querem decisões com militares e Bolsonaro como “rainha da Inglaterra”

Publicado em Economia

Depois de apoiarem abertamente a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República, os investidores não escondem o arrependimento ante à situação dramática vivida pelo país. A aposta era de que, com a promessa de uma guinada liberal por parte do governo, a economia deslanchasse. Está acontecendo exatamente o contrário.

 

Na avaliação dos investidores, ante a incapacidade de Bolsonaro de formar um governo de coalizão forte para aprovar, sem traumas, os principais projetos no Congresso, melhor seria o presidente ficar “como uma rainha da Inglaterra” e todas as decisões ficarem concentradas nas mãos do grupo militar, o lado mais sensato da atual administração.

 

Para os donos do dinheiro, se Bolsonaro não mudar o comportamento rapidamente, canalizando suas atenções e energia para o que realmente é importante, como a aprovação da reforma da Previdência, o país vai afundar. Eles lembram que o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil está no fundo do poço, mas, na verdade, o buraco é muito maior. Ou seja, o fundo do poço ainda não chegou.

 

Choque de realidade

 

Nas mesas de operações de bancos e corretoras, o sentimento mescla decepção e nervosismo, pois o horizonte nublou por completo. Logo depois das eleições presidenciais, a confiança dos agentes econômicos voltou com tudo. Tanto que as projeções para a economia eram as melhores possíveis. Agora, todos os dias, os números são revistos para baixo.

 

O Banco Central informou, nesta quarta-feira (15/05), que a economia encolheu 0,68% nos primeiros três meses do ano. Foi o primeiro recuo da atividade desde o fim de 2016. Não há perspectiva de melhora efetiva mais à frente. Os analistas passaram a rever para baixo as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020.

 

Segundo os investidores, Bolsonaro está “tendo um choque de realidade”. Ele acreditou que poderia governar o país pelas redes sociais e impondo uma agenda de costumes acima das questões econômicas. Cinco meses depois de empossado, enfrenta queda na popularidade, economia em retração e desemprego em alta. É a vida real dando as caras.

 

Resta saber, na opinião dos investidores, se o presidente cairá na real. As manifestações contra o governo já estão nas ruas. Começaram com professores e estudantes contra o corte de gastos na educação, mas podem ser engrossadas por caminhoneiros e trabalhadores de várias categorias. Ele está preparado para isso?

 

Brasília, 13h02min