Num dia de muito nervosismo, com os investidores de olhos nas eleições no Brasil e no comportamento dos juros nos Estados Unidos, o dólar disparou e atingiu a maior cotação desde março de 2016. A moeda norte-americana encerrou o dia valendo R$ 3,809 para venda, depois de atingir o pico de R$ 3,815. A valorização no dia foi de 1,77%.
Desde a abertura do mercado, o Banco Central tentou segurar, sem sucesso, o alta do dólar. No total, o BC fez a maior intervenção no câmbio em mais de um ano, mas fracassou. A autoridade monetária injetou US$ 1,866 bilhão no sistema, a maior venda líquida de dólares em um único pregão desde 23 de maio de 2017, quando foram colocados US$ 2 bilhões. Naquele momento, o mercado tentava aplacar as feridas abertas pelas delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do grupo JBS, que atingiram em cheio o presidente Michel Temer e enterraram a reforma da Previdência Social.
O BC esteve desde cedo no mercado, por meio de sua atuação rotineira. Rolou os contratos de swap que estavam vencendo e ofertou outros US$ 750 milhões. Como as cotações do dólar não cederam, decidiu intervir com mais US$ 1,5 bilhão em novos contratos, dos quais vendeu US$ 1,116 bilhão, em dois leilões. De nada adiantou.
Segundo os especialistas, o mercado está inquieto demais. Não bastassem as incertezas em relação às eleições (as pesquisas de intenção de votos apontam Jair Bolsonaro na liderança), o governo está criando ruído demais com a política de combustíveis da Petrobras. Se houve mudanças significativas na correção de preços, ou a Petrobras será punida ou o Tesouro Nacional terá que arcar com um rombo.
“O momento é terrível. O mercado vinha tratando o Brasil e o governo com muita complacência. Mas, agora, começa a cobrar a fatura da incertezas”, diz um operador de um banco estrangeiro. Para ele, os investidores não estão dispostos a dar trégua até que o horizonte se torne menos turvo.
Brasília, 18h01min