A inflação só dá notícias boas. Bom para o Banco Central

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ANTONIO TEMÓTEO

As surpresas com a baixa inflação têm levado o mercado a revisar as estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2018. Dados do Boletim Focus, divulgados na segunda-feira, 19, pelo Banco Central (BC), mostram que a mediana das expectativas do mercado para a variação de preços em fevereiro e março caiu pela segunda semana consecutiva, para 0,40% e 0,30%, respectivamente.

Entre os economistas que mais acertam as estimativas, que integram o Top 5, a projeção para fevereiro é ainda menor, de 0,37%. Para março, a expectativa é um pouco maior, de 0,32%. O que está claro é que nem o mercado nem o BC têm acertado as projeções, mas parece que a inflação continuará controlada, pelo menos em 2018.

A estimativa do BC, apresentada no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) publicado no fim de dezembro, apontava que o IPCA avançaria 0,53% em janeiro. O resultado oficial foi de 0,29%. Para fevereiro, o RTI estimou que o IPCA terá variação de 0,47%. O resultado do IPCA-15 será divulgado na próxima sexta-feira e indicará como a inflação se comportará no mês. As coletas privadas de preços e os índices divulgados recentemente levaram o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, a concluir que a inflação a curto e a médio prazos será mais baixa do que a projetada anteriormente pela instituição financeira.

Revisão

Oliveira detalha que o principal fator que alterou as estimativas para o IPCA no curto prazo foi o comportamento baixista dos preços agrícolas, que voltaram a apresentar deflação no atacado. “Já para as estimativas de médio prazo, detectamos um aumento da importância do coeficiente inercial que, neste ciclo, colabora, desacelerando a inflação dos serviços num ritmo um pouco maior do que nossa estimativa anterior indicava”, destaca.

Com isso, ele revisou a estimativa para o IPCA de 4,4% para 3,9% em 2018. A inflação só não será menor diante da recuperação da economia, que, nas contas dele, deve crescer 4,1% até dezembro. Além disso, Oliveira acredita que serão criados 4,6 milhões de empregos no período de 18 meses iniciado em janeiro de 2018 e redução da taxa de desemprego média para 11,2%, em 2018, e para 10,2% em 2019.

Brasília, 06h38min

Vicente Nunes