Inflação endossa discurso de Ilan para queda dos juros

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O mercado esperneou, tentou peitar o Banco Central, ao forçar a alta do dólar para acima de R$ 3,60, mas acabou se dando conta de que o discurso do presidente da instituição, Ilan Goldfajn, sobre mais uma queda de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 15 e 16 de maio, está mais do que certo. Basta, para isso, olhar o resultado da inflação de abril, de 0,22%, abaixo da previsão média de 0,28% dos especialistas.

Ilan, segundo integrantes do governo, ficou bastante incomodado com o movimento atípico do mercado, que tentou usar suas falas em uma entrevista para dizer que o BC não está preocupado com a alta do dólar e que vai cortar a taxa básica (Selic) em mais 0,25 ponto percentual, para 6,25% ao ano, sem levar em consideração dos riscos para a inflação caso a moeda norte-americana continue com sua trajetória de valorização ante o real.

“Foi descabida a reação do mercado às falas de Ilan”, diz um assessor do presidente Michel Temer. “Os operadores estão tentando achar pelo em ovo para criar um clima de nervosismo no mercado que não se sustenta pelos fatos. Veja a inflação de abril”, acrescenta. Pelos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação acumulada nos quatro primeiros meses deste ano, de 0,92%, é a menor para o período desde a edição do Plano Real. No acumulado de 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 2,76%, abaixo do piso da meta, de 3%.

O governo acredita que o mercado se deu conta dos exageros que cometeu no último dia. Tanto que o dólar registrava, por volta da 11h30 desta quinta-feira (10/05), queda de mais de 1%, negociado a R$ 3,55 para venda. “Aos poucos, o mercado está devolvendo os exageros”, ressalta um técnico da equipe econômica. Mas, para ele, é preciso ficar atento, pois, com todo o nervosismo no exterior e as incertezas em relação às eleições, os operadores vão buscar motivos para empurrar o dólar para cima.

Brasília, 11h30min

Vicente Nunes