Para técnicos do governo, os tempos de inflação de 0,2% ficaram para trás, uma vez que os preços dos alimentos estão recuperando o fôlego, algo normal no fim de ano. Eles destacam que, mesmo mais alto, o IPCA no fim de 2017 está abaixo das taxas verificadas nos anos anteriores.
Na visão da equipe econômica, infelizmente, o que está puxando a inflação são os preços administrados — energia elétrica, gás de cozinha e combustíveis, principalmente. Mas não há como as empresas de energia e a Petrobras ficarem absorvendo altas de custos sem repassá-las para os consumidores. O represamento de tarifas já provocou distorções demais na inflação e na economia.
Rumo dos juros
A perspectiva é de que, a partir de agora, os preços dos alimentos pressionem mais o IPCA. Mas nada de movimentos bruscos. Ao longo deste ano, o clima muito favorável ajudou a ampliar a produção e a derrubar os preços de grãos, frutas e verduras. Foi um período excepcional para o campo. E ótimo para o Banco Central, que pode reduzir os juros para 7,50% ao ano.
Dentro do governo, já se admite que o BC tenderá a ser muito cauteloso a partir de agora na condução da política monetária. No máximo, a taxa básica (Selic) cairá mais 0,5 ponto percentual, para 7%, em dezembro. O BC não deverá se arriscar a ir além disso, sob o risco de estimular remarcações.
Além de recuperação dos preços dos alimentos, há muitas incertezas em relação aos rumos da reforma da Previdência, que o BC considera vital para o controle das contas públicas, e às eleições de 2018, que tendem a agitar o mercado de câmbio. As recentes altas do dólar já refletem parte das desconfianças dos investidores.
Brasília, 09h30min