A inflação acumulada nos 12 meses até novembro, de 10,73%, segundo o IPCA-15, já está no no pior momento do governo de Dilma Rousseff. Em janeiro de 2016, era de 10,71% e teve seu pico no mês seguinte, de 10,84%. E não há perspectiva de desaceleração tão cedo, segundo os especialistas.
Portanto, o governo de Jair Bolsonaro, com todos os seus equívocos na política econômica, conseguiu se igualar ao período de nervosismo que antecedeu ao impeachment de Dilma. A disseminação dos reajustes é forte, impulsionada pela alta do dólar, que contamina dos preços dos alimentos aos dos combustíveis. Em novembro, o IPCA-15 ficou em 1,17%, o maior para o mês desde 2002.
Bolsonaro é o principal responsável pela disparada das cotações do dólar. Ao criar crises políticas e patrocinar uma farra fiscal para tentar garantir a reeleição em 2022, faz com que os investidores corram para a moeda norte-americana em busca de projeção.
Não fossem as crises criadas por Bolsonaro, o dólar poderia estar sendo negociado entre R$ 4 e R$ 4,50 segundo o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes. Para se medir o temor dos investidores em relação ao Brasil, com os juros subindo, a tendência era de entrada forte de dólares no país, o que, em tese, derrubaria as cotações da divisa.
Mas os investidores perderam a confiança no governo. E esse quadro se agravou depois da PEC dos Precatórios, em que Bolsonaro propôs o rompimento do teto de gastos (trava que limita o aumento das despesas à inflação), um programa social temporário, o Auxílio Brasil, e reajuste aos servidores.
Brasília, 11h41min