ROSANA HESSEL
Em maio de 2022, o setor de serviços no Brasil registrou crescimento de 0,9% no volume frente a abril, na série com ajuste sazonal revisada que apresentou queda de 0,1% no quarto mês do ano em vez de alta de 0,2%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado ficou acima das estimativas do mercado, que esperavam avanço de 0,2%.
Em receita nominal o avanço foi de 1,6% e a retomada do setor da recessão provocada pela pandemia da covid-19 ainda é bastante desigual, com segmentos importantes que ainda não recuperaram o patamar de fevereiro de 2020, conforme dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do órgão ligado ao Ministério da Economia.
O setor de serviços é o que mais pesa no Produto Interno Bruto (PIB) e, no mês de maio, o segmento recuperou, na média, o patamar pré-covid e está a 8,4% acima do nível de fevereiro de 2020. Os principais setores que puxaram essa recuperação foram os de serviços de tecnologia de informação (com 53,3% acima do nível pré-pandemia); serviços técnico profissionais (16,7%);e serviços de transporte e armazenagem (16,7%).
Na contramão, o segmento de serviços prestados às famílias — um dos mais importantes, porque é o que mais emprega entre as categorias pesquisadas pela PMS — ainda não retomou o patamar pré-pandemia — e está 7% abaixo do nível de fevereiro de 2020, conforme os dados do IBGE. Entre os destaques estão serviços de alojamento e alimentação — que inclui hotelaria e restaurantes –, com 7,9% abaixo do patamar pré-covid; e outros serviços prestados às famílias, com taxa 10,5% inferior a fevereiro de 2020.
Os dados de maio da PMS mostram ainda avanço de 3,3% no acumulado dos quatro últimos meses. Na comparação com maio de 2021, o avanço foi de 9,2% — 15ª taxa positiva consecutiva. No acumulado, o avanço chegou a 9,4%. Em 12 meses até o quinto mês do ano, o setor desacelerou em relação a abril, passando de 12,8% para 11,7%. Em março, a taxa acumulada era de 13,6%. Não à toa, o setor ainda está 2,8% abaixo de novembro do ponto mais alto da série histórica de novembro de 2014.
Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, reconheceu que o crescimento de 0,9% ficou acima das estimativas e, com isso, permite um “viés de alta” nas projeções da instituição financeira para a expansão do PIB do segundo trimestre, atualmente em 0,8%. Contudo ele, reconheceu que ainda há setores que devem demorar “um pouco mais” para recuperarem o patamar pré-pandemia. “Foi uma surpresa razoável, puxada, principalmente, pelos segmentos de transportes, de tecnologia da informação e comunicações. É um bom número e, no geral, pode dar um viés positivo para a nossa projeção do PIB do segundo trimestre. Mas ainda tem muito dado para sair e, por isso, estamos confortáveis na nossa previsão de alta de 0,8%”, afirmou.
Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, também demonstrou surpresa com o dado da PMS, porque veio acima da previsão, de 0,2%, refletindo, especialmente, o impacto da reabertura e a desobrigação do uso de máscaras em ambientes fechados. “O dado de maio veio bem forte e podemos ver que, na comparação com o mês anterior, todos os segmentos apresentaram crescimento, revertendo a desaceleração de abril. Mas, apesar da recuperação, na média, do patamar pré-pandemia, os serviços prestados às famílias ainda estão abaixo do nível de fevereiro de 2020, mas os dados já foram muito piores. O que conseguimos ver é uma tendência de recuperação em relação ao fim de 2021”, ressaltou.
O economista Arnaldo Lima, diretor de Estratégias Públicas do Grupo Mongeral Aegon (MAG), destacou que todas as cinco atividades apresentaram alta no mês, na variação em relação a abril, mas serviços prestados às famílias ainda está 17,6% abaixo do nível observado em dezembro de 2019.
“A retomada do setor de serviços ainda está desigual, principalmente, regionalmente. Embora o país tenha crescido 11,7% nos últimos 12 meses, alguns estados apresentam crescimento próximo à 7% a 8%, enquanto outros já superam 20%”, ressaltou, em entrevista ao Blog. Ele destacou que Rondônia, Piauí e Rio de Janeiro registraram as menores taxas de crescimento, de 0,5%, de 7% e de 6,5%,m respectivamente. O Distrito Federal apresentou avanço de 8,1% na mesma base de comparação. Alagoas (27,3%), Roraima (20,9%) e Ceará (19,3%) registraram as maiores taxas.
Veja abaixo o mapa destacado pelo economista do Grupo MAG: