Henrique Meirelles ou Joaquim Levy 2?

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Nos último dias, assessores do ministro da Fazenda, Herique Meirelles, fizeram uma grande ofensiva junto a formadores de opinião para tentar dispersar a visão de que o chefe da equipe econômica havia rasgado o compromisso com o ajuste fiscal. Instalou-se entre os agentes econômicos a percepção de que, pelo projeto de poder, o presidente interino, Michel Temer, estava disposto a tudo, inclusive a repetir os erros de Dilma Rousseff lançando mão de pacotes de bondades que vão custar mais de R$ 125 bilhões.

Em telefonemas e em conversas pessoais, assessores de Meirelles tentavam mostrar que tudo o que foi anunciado por Temer estava dentro do previsto e que o compromisso com o ajuste fiscal está mantido. Questionados, pediam paciência, alegando que o momento político exige serenidade, e garantiam que, a partir de 2017, tudo será diferente. Tudo o que Meirelles prometeu se tornaria realidade.

A operação abafa da Fazenda acalmou os ânimos de alguns, mas não dirimiu as dúvidas da maioria. Não sem razão. Analistas mais críticos, desprovidos de viés ideológico, têm mapeado todas as declarações de Meirelles. E confrontado todas elas com a realidade. Na maioria dos casos, é possível ver que o ministro da Fazenda sofreu derrotas acachapantes. A posição política do Palácio do Planalto prevaleceu.

Assim que tomou posse, Meirelles disse que nomearia pessoas técnicas para os bancos oficiais, mas teve que engolir Gilberto Occhi, indicado pelo PP, na presidência da Caixa Econômica Federal. Afirmou que não havia como o governo aceitar as condições impostas pelos governadores para renegociar as dívidas dos estados. Porém, foi obrigado a aceitar uma fatura de R$ 50 bilhões sob o argumento de Temer de necessidade de apoio no Congresso para a aprovação definitiva do impeachment de Dilma Rousseff.

Tentou, logo no primeiro anúncio de medidas do governo, anunciar elevação de impostos para fazer um ajuste fiscal mais rápido. Contudo, teve que encampar uma série de aumentos de gastos que ampliaram a meta de rombo nas contas públicas neste ano para R$ 170,5 bilhões. Com isso, sinalizou que o ajuste fiscal havia ficado para depois.

É verdade que Meirelles conversa com Temer todos os dias, várias vezes ao dia, como dizem seus assessores, para reforçar a proximidade do ministro com o presidente interino. Isso não quer dizer, porém, que Meirelles tenha todo o poder que tenta demostrar.

Para técnicos importantes do governo, que conhecem a máquina pública profundamente e os meandros de política, o ministro da Fazenda deve ficar esperto. Ele faz um bom marketing pessoal, mas, dois meses depois de assumir o ao mais importante da Esplanada dos Ministérios, Meirelles está ficando muito parecido com Joaquim Levy, que vestiu a fantasia de superministro, foi sendo esvaziado e acabou saindo pelas portas dos fundos com fama de incompetente.

Brasília, 18h38min

Vicente Nunes