“Rapaz, nós não podemos aceitar esses caras chantagearem a gente o tempo todo. Fodam-se”, afirmou Heleno na terça-feira (18/02), em áudio captado pela transmissão de evento no Palácio da Alvorada durante conversa com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
No entender do general, existem “insaciáveis reivindicações de alguns parlamentares”, que reduzem “substancialmente” o orçamento do Executivo. Depois de tais declarações, ele reclamou de invasão de privacidade. A conversa, porém, foi captada pela transmissão da cerimônia feita na conta oficial no Facebook do próprio Bolsonaro.
Personagem
“Aquele Heleno pacificador, que aparece diante das câmaras, não existe. É um personagem que ele criou”, diz um integrante do Palácio do Planalto. “Na verdade, ele é o mais radical dos militares que cercam o presidente Bolsonaro”, acrescenta. “Basta passar um dia no Planalto para constatar a realidade”, emenda.
Heleno foi um dos primeiros militares a se engajarem na campanha de Bolsonaro. Ele não se furtou de sair às ruas em todas as manifestações em favor do então candidato à Presidência da República e não economizou nos impropérios contra à oposição ao agora presidente.
Recentemente, Heleno deixou escapar ser favorável à volta do AI-5, o instrumento mais duro da ditadura, defendido por um dos filhos do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro. Segundo o ministro, se o Brasil registrasse protestos semelhantes aos observados no Chile, algo teria de ser feito. Para ele, um “novo AI-5” exigiria estudos.
“O general tem um pensamento autoritário. Não por acaso é tão próximo de Bolsonaro”, destaca outro integrante do Planalto. “Uma coisa é o Heleno num evento público. Outra, é o Heleno atuando nos bastidores”, acrescenta.
Por mais que queira amenizar suas declarações, Heleno provocou o Congresso, que já ameaça não tocar os projetos de interesse do governo, sobretudo as reformas. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, chamou o chefe do GSI de “radical ideológico”. Para o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, “nenhum ataque à democracia será tolerado pelo Parlamento”.
Brasília, 15h28min