Fernando Haddad Ministro da Fazendo foi convidado para evento em Moçambique

Haddad leva chá de cadeira e desiste de participar de reunião da Junta Orçamentária

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, levou um chá de cadeira do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e decidiu não participar da reunião da Junta de Execução Orçamentária (JEO) marcada para a manhã desta terça-feira (21/3), no Palácio do Planalto. O chefe da equipe econômica chegou para o encontro no horário marcado, pontualmente, às 8h30, mas houve 45 minutos de atraso para o início da reunião. Então, ele decidiu voltar para a Fazenda por causa dos demais compromissos da agenda do dia.

 

Ao retornar à sede da pasta, por volta das 9h20, Haddad evitou comentários sobre o arcabouço fiscal com jornalistas ao chegar ao bloco P da Esplanada dos Ministérios.  Na véspera, o ministro disse que participaria da JEO, composta pelos ministros da Fazenda e da Casa Civil, assim como pelas ministras do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck. Ele tinha demonstrado otimismo para o fechamento do desenho do arcabouço ainda nesta semana, antes da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a China, que ocorre entre os dias 26 e 31 deste mês.

 

Conforme informações da assessoria da pasta chefiada por Haddad, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron. Em nota, a Casa Civil informou que a reunião da JEO foi iniciada e não havia previsão de entrevistas após o encerramento. Participaram da reunião os ministros Rui Costa, Simone Tebet e Esther Dweck, além do secretário do Tesouro, conforme a nota da Casa Civil.

 

Pouco depois, em evento no Palácio do Planalto, o presidente Lula anunciou que o ele só deverá definir o arcabouço fiscal depois da visita de Estado à China, que ocorrerá entre os dias 26 e 31 deste mês. Logo, tudo indica que o clima no governo para fechar os parâmetros da nova âncora fiscal não está pacificado.

 

Durante a manhã, de volta ao gabinete, o ministro Haddad participou de uma reunião com o o CEO Iberdrola e Presidente do Conselho da Neoenergia, Ignácio Galan, sobre investimentos da companhia no Brasil. E, na sequência, ele tem uma participação virtual no evento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que, no primeiro dia, centrou fogo sobre os juros altos.

 

O governo vem fazendo uma série de pressões junto ao Banco Central, centrando o foco sobre o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.  Além do presidente Lula, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, também engrossou o coro das críticas aos atuais patamares dos juros, com taxa real (descontada a inflação) de 8% ao ano, que estão prejudicando a retomada da atividade econômica do país, que não deve crescer 1% neste ano, conforme a mediana das estimativas do mercado coletadas no boletim Focus, do Banco Central, que registraram queda em relação à semana anterior, passando de 0,89% para 0,88%.

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) reúne-se, hoje e  amanhã, pela segunda vez no ano e a expectativa do mercado é de que o colegiado não ceda às pressões governistas e mantenha a taxa de juros básica (Selic) no atual patamar, de acordo com analistas do mercado financeiro, conforme apuração do Blog de ontem. 

 

Em meio às incertezas do novo arcabouço fiscal, que só terá algum efeito nas expectativas do mercado — e, consequentemente, no ciclo de queda da Selic que o governo tanto insiste para começar –, quando for definitivamente aprovado pelo Congresso. Até lá, dificilmente o cenário para as contas públicas que vem sendo considerado no balanço de riscos do Copom e do mercado financeiro não deverá mudar. 

 

Haddad deverá embarcar com Lula para a China e, na volta, pretende viajar para Washington, onde participará do encontro de primavera (no Hemisfério Norte) do Fundo Monetário Internacional (FMI). O evento do Fundo ocorre de 10 a 16 de abril e a viagem do ministro está prevista para ocorrer entre os dias 11 e 15 do mês que vem.