Há um ano em 6,5%, Selic não foi suficiente para aquecer economia

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HAMILTON FERRARI

Nesta semana, a taxa Selic completará um ano em que está no menor nível da história, em 6,5% ao ano. Apesar deste patamar, os juros estimulantes não foram suficientes para aquecer a economia como o esperado. Nesta quarta-feira (19/3), o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá manter o índice no mesmo patamar pela oitava reunião consecutiva. Será a primeira reunião do novo presidente Roberto Campos Neto.

As análises dos economistas mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tem sérias dificuldades de expandir mais de 2%, mesmo após ter passado pela maior recessão da história, entre 2015 e 2016.

Nos últimos dois anos, a atividade econômica frustrou as expectativas dos economistas. Com a melhora do consumo no quarto trimestre de 2017, houve a esperança de que o PIB pudesse crescer mais de 3% em 2018, o que ficou longe de acontecer.

Os resultados setoriais mostraram que a indústria, comércio e serviços não alavancaram nos três primeiros meses do ano, o que fez o mercado rebaixar as projeções para o PIB. A greve dos caminhoneiros entre maio e junho do último ano também foi fundamental para desacelerar ainda mais a recuperação já lenta da economia. Por fim, as incertezas eleitorais no segundo semestre impuseram barreiras para investimentos e consumo.

A confiança dos economistas e empresários aumentou após o resultado do pleito, mas os dados mais recentes mostram que há, novamente, uma expectativa de desaquecimento. As últimas projeções do mercado derrubaram as estimativas para o PIB de 2019, que deve ficar em torno de 2,01%, segundo analistas ouvidos pelo Banco Central.

Para a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, o que trava o crescimento é a falta de previsibilidade sobre a estabilidade e a sustentabilidade do próprio crescimento. “Sem um horizonte de investimentos mais largo, fica difícil o Brasil crescer. Falta confiança de que entramos em uma rota sustentável de crescimento para que o investimentos e o consumo cresçam mais. A reforma da Previdência e as demais que a seguirão (tributária, abertura da economia, privatizações , etc…) irão na minha opinião impulsionar o crescimento de forma mais rápida do que o previsto hoje pela mediana do mercado”, afirmou.

Apesar disso, analistas entendem que estas mudanças estruturais ainda vão demorar para ocorrer. A reforma da Previdência, por exemplo, só deve ser aprovada em meados do segundo semestre, indo contra a intenção do governo em sancionar o texto nos seis primeiros meses de 2019.

Brasília, 15h46min

Vicente Nunes