Na próxima semana, mais precisamente nos dias 26 e 27, o Copom se reunirá para definir o novo patamar da Selic. Por tudo o que disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e por todos os documentos divulgados pela instituição, está contratado, até o momento, aumento de mais de um ponto percentual na taxa, para 7,25%.
Pelo que Guedes deixou claro, porém, esse arrocho não será suficiente para dar uma trava na inflação. O ministro endossa o que defende uma ala do mercado financeiro: que o BC pese mais a mão e eleve os juros em ao menos 1,5 ponto percentual, repetindo esse aumento nas duas reuniões seguintes. Com isso, a Selic chegaria em 10,75% anuais.
Credibilidade em jogo
Dentro do governo, não é só Guedes que defende uma ação mais enérgica por parte do Banco Central. A ala política quer que o BC dê logo um choque de juros e encerre esse capítulo neste ano, para que, com a inflação sob controle ao longo de 2022, possa vir a boa notícia de um corte de juros às vésperas das eleições.
Os bancos estrangeiros são os que estão mais alinhados ao pensamento de Guedes. O Credit Suisse prevê que os juros subirão até 10,50% ao ano como forma de reduzir a pressão inflacionária. O JP Morgan fala em Selic de 9,75%, com viés de alta. A média do mercado, porém, estima taxa no fim deste ano de 8,75%, conforme a pesquisa Focus.
Para o ministro da Economia, o Banco Central está atrás da curva, isto é, não está conduzindo a política monetária no ritmo necessário para pôr a inflação nos eixos. Resta saber se Roberto Campos Neto e companhia entenderam o recado. Se falta credibilidade na politica fiscal, com o rompimento do teto de gasto, pelo menos a credibilidade deve prevalecer em relação à política monetária.
Brasília, 21h31min