Amazônia Foto: CARL DE SOUZA/ AFP

Greenpeace faz alerta para novo recorde de desmatamento na Amazônia

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

Com base nos dados de maio do sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Greenpeace fez um alerta de que, até o dia 28, houve aumento de 41%  nos alertas de desmatamento da Amazônia, registrando o pior maio da série histórica do Deter-B, iniciada em 2015, antes mesmo do encerramento do mês. Nesse período, a área desmatada somou 1.180 km2, o maior volume mensal.

 

No acumulado do ano, o aumento da área desmatada somou 2.337 km, dado 14,6% superior ao registrado no mesmo período de 2020, apesar do grande volume de chuvas na região Norte, o que deveria desacelerar o desmatamento, destacou a entidade.

 

“Após a divulgação do número recorde de queimadas na Amazônia e Cerrado em maio, os alertas de desmatamento reforçam ainda mais o quanto uma das maiores reservas de biodiversidade no planeta está sendo colocada em risco dia após dia. Além de um presidente e um ministro do meio ambiente atuando contra a proteção ambiental, o Congresso tem contribuído com essa política de destruição, enfraquecendo deliberadamente as leis que protegem a floresta e seus povos. O resultado de maio não poderia ser diferente já que os retrocessos na governança ambiental só aumentam”, comentou Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace, em nota divulgada nesta sexta-feira (04/06).

 

A entidade ainda critica o o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, por fechar “os olhos para o controle do desmatamento, que segue a passos largos, inclusive em terras públicas”, e cita as denúncias de corrupção e investigações e inquéritos da Polícia Federal o envolvimento de Salles no comércio internacional de madeiras.

 

O país já se tornou pária global na área ambiental e tem sofrido ameaças de boicote de grandes empresas europeias caso o Congresso aprove os projetos que regularizam a grilagem.

 

Na avaliação do Greenpeace, os projetos de lei 2633/2020 e 510/2021, que tentam regularizar a grilagem, dando anistia a grileiros pioram esse quadro de desmatamento recorde na Amazônia, uma vez que “cerca de ⅓ (um terço) da derrubada de árvores naquela região é ocasionado por grilagem”. O país, inclusive, tem sofrido ameaças de boicote de grandes importadores de commodities brasileira da Europa se o Congresso aprovar esses projetos que regularizam a grilagem.

 

 

De acordo com dados do Inpe, o projeto Deter-B surgiu a partir da alteração do padrão de áreas desmatadas na Amazônia. Desenvolvido no Centro Regional da Amazônia, o programa veio preencher a demanda para detectar o padrão de desmatamento que não é captado pelo Deter-A.

 

Vale lembrar que, em 2019, logo no início do governo Jair Bolsonaro (sem partido), quando o Inpe apontava os primeiros dados de aumento expressivo no desmatamento, o chefe do Executivo resolveu demitir o então diretor do instituto.

 

A revista britânica The Economist, chegou a dar uma capa naquele ano sobre o desmatamento na Amazônia. E, a edição desta semana da publicação, inclusive, critica os erros do governo e ainda alerta que será muito dificil uma mudança no cenário atual, representado com o Cristo com balão de oxigênio, se Bolsonaro for reeleito.