Greenpeace faz alerta para aumento de queimadas na Amazônia mesmo antes da seca

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ROSANA HESSEL

Conforme os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe),  junho teve o maior número de focos de calor na Amazônia desde 2007, alertou o Greenpeace Brasil. Foram registrados 2.562 incêndios no mês passado, dado 11% superior ao registrado no mesmo intervalo de 2021, segundo os números do Inpe. Mato Grosso e Pará lideram o número de casos, concentrando 64,5% e 21,7% dos focos de queimadas, respectivamente.

A organização não-governamental lembrou que desde 23 de junho, o uso do fogo em território nacional foi proibido por 120 dias, de acordo com decreto presidencial (nº 11.100/22). Mas, mesmo assim, 1.113 focos foram registrados na Amazônia desde então.

“A estação seca mal começou e a Amazônia já está batendo novos recordes na destruição ambiental. O ocorrido não surpreende visto que a região está sob intensa ameaça, com altos níveis de ilegalidade que continuam devastando grandes áreas e vidas. Esse cenário se fortaleceu nos últimos três anos na Amazônia como resultado direto de uma política aplicada com êxito que facilita e estimula o crime ambiental”, comentou Cristiane Mazzetti, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, em comunicado da entidade divulgado nesta sexta-feira (1º/7). “É tempo de pensarmos sobre a Amazônia que precisamos para o nosso futuro”, acrescentou a ambientalista.

Em 2007, foram registrados 3.519 focos de incêndio. Se olharmos para 2008, quando foram registrados 1.248 focos e compararmos com o dado de junho deste ano 2022, chegamos à 105% de aumento, de acordo com o Greenpeace. A entidade ressaltou que as ações do governo federal nos últimos anos, que desmantelou órgãos de fiscalização ambiental, resultaram na elevação drástica do patamar da destruição ambiental dos biomas nacionais.

Além da Amazônia, no Cerrado, o número de focos de calor segue alto, com 4.239 focos de calor. Já no Pantanal, houve um aumento de 17% em relação a junho de 2021, com 115 focos registrados. “Mais áreas devem queimar nos próximos meses, período em que a floresta está mais seca, e quando o fogo é utilizado para realizar o desmatamento ou queimar os restos da floresta derrubada depois de secar ao sol”, destacou a nota do Greenpeace.

Os dados de desmatamento do Inpe ainda  apontam para uma área total de 2.867 km² de desmatamento entre janeiro e maio e a previsão é de que o cenário se agrave com o início do verão amazônico. Outro fator crítico é o fato deste ser um ano eleitoral, quando a devastação ambiental historicamente se acentua.  Segundo o Greenpeace, a tendência desse contexto “é catastrófica”, não somente pela perda da biodiversidade nesses biomas, mas também para as populações que vivem na Amazônia e adoecem com a fumaça, em especial os povos indígenas e comunidades tradicionais que além de sofrer com a fumaça, têm seus territórios invadidos e desmatados.

“Esses números reforçam o desafio de superarmos essa economia que se alimenta de floresta e que não desenvolve a região. É um ano decisivo para o Brasil. É preciso que o povo brasileiro reflita profundamente sobre o futuro que precisamos para o nosso país”, destacou Mazzetti no documento.

Vicente Nunes