O general Otávio do Rêgo Barros, que foi porta-voz do presidente Jair Bolsonaro, diz, em artigo publicado no Correio, que o Exército está sendo usado como “estrutura de apoio político pessoal”. As declarações coincidem com a forte interferência do chefe do Executivo na Força, a ponto de proibir o Alto Comando de soltar um comunicado oficial sobre um processo administrativo que foi aberto contra o general Eduardo Pazuello.
A visão de Rêgo Barros é endossada por parte do generalato que está na reserva e, sobretudo, por parcela de oficiais da ativa, que temem pela desmoralização do Exército. A instituição começa a ser vista como um puxadinho do Palácio do Planalto. Teme-se que a barreira para a entrada de Bolsonaro no Exército tenha caído com a demissão do general Edson Pujol, substituído recentemente pelo general Paulo Sérgio de Oliveira.
“Não é aceitável, sob nenhum aspecto, transformar a Instituição Exército Brasileiro, nascida nas ravinas dos Montes Guararapes pela amálgama das três raças e detentora de alto índice de confiabilidade, em uma estrutura de apoio político pessoal”, afirma Rêgo Barros.
Entre os críticos à subserviência do Exército aos caprichos de Bolsonaro, muitos dizem que o processo de desmoralização da Força começou com a ida de Pazuello para o Ministério da Saúde, onde ele se mostrou incompetente e apegado a mentiras.
O ex-ministro é alvo de processo administrativo no Exército por ter subido no palanque eleitoral de Bolsonaro no domingo (23/05), no Rio de Janeiro. Ele feriu o Estatuto dos Militares, que proíbe oficiais da ativa de se envolverem em manifestações políticas.
Brasília, 21h15min