Funcionários do Banco do Brasil movem ação contra Guedes. Ele disse que é preciso “vender logo a p. do BB”

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A Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (Anabb) vai notificar extrajudicialmente o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na reunião ministerial de 22 de abril — que está no inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar denúncias de Sergio Moro contra o presidente Jair Bolsonaro —, Guedes, afirmou que é preciso “vender logo a porra do BB”.

Na avaliação dos funcionários do BB, Guedes ultrapassou todos os limites da ética ao atacar uma empresa cujas ações têm forte impacto na economia. Asseguram ainda que tanto, no governo do qual Guedes faz parte quanto no Congresso, não há apoio para a privatização da instituição. “Tal postura revelou-se despropositada e indecorosa não somente para com a instituição e todo o funcionalismo do Banco do Brasil e, sobretudo, para com todo o povo brasileiro”, ressalta a Anabb na ação.

A associação ressalta, ainda, que a fala do ministro irritou muito os funcionários, que cobraram da entidade uma ação efetiva, pois estão trabalhando pesado, sobretudo neste momento de pandemia do novo coronavírus, com agências abertas e operações de crédito importantes neste momento.

“Uma empresa não existe sozinha. O Banco do Brasil é a soma do trabalho e da dedicação de todos os seus funcionários. Causa perplexidade a fala em um momento grave para o país e para a sociedade brasileira. A fala desconsidera o trabalho de todos os funcionários no contexto da pandemia, que estão atendendo a população em todo o país, correndo riscos, mas sem abdicar de exercer seu papel. É um trabalho essencial, para os cidadãos e para a economia”, frisa a Anabb.

Veja os principais pontos da notificação extrajudicial:

“A Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil – ANABB — vem, respeitosamente, manifestar-se sobre o pronunciamento de Vossa Senhoria o qual afirmou que seria preciso “vender logo a porra do Banco do Brasil”, durante uma reunião ministerial citada pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro.

Inicialmente é necessário relembrar que o Banco do Brasil foi fundado em 12 de outubro de 1808. Foi a primeira instituição bancária a operar no país e, em mais de 200 anos de existência, acumulou experiências e colecionou inovações participando vivamente da história e da cultura nacionais. Tem como principal missão corporativa “ser um banco de mercado, competitivo e rentável, atuando com espírito público em cada uma de suas ações junto à sociedade”.

O Banco do Brasil é uma instituição financeira brasileira constituída na forma de sociedade de economia mista, com participação do governo federal do Brasil em 50% das ações, sendo um banco estatal e que possui grande representatividade no país. Conta com 15.133 pontos de atendimento distribuídos pelo país, entre agências e postos, sendo que 95% de suas agências possuem salas de autoatendimento (são mais de 40 mil terminais), que funcionam além do expediente bancário. Possui ainda opções de acesso via internet, telefone e telefone celular. Está presente em mais de 21 países além do Brasil. Demais disso, o Banco do Brasil possui 5.429 agências, estando presente na maioria dos municípios do país, com uma estrutura de mais de 109.191 funcionários, além de 4066 estagiários, contratados temporários e adolescentes trabalhadores.

Como se vê, é situado como um dos maiores bancos do Brasil, tanto em agências quanto em patrimônio/receita líquida e contribui de forma intensa no crescimento econômico, industrial, comercial e social do Brasil, atuando diretamente em situações pouco atrativas aos bancos privados como, por exemplo, o crédito rural que precisa estar ao alcance de todos. A sua presença nos agronegócios, financiando boa parte das exportações e na concessão de crédito com taxas de juros bem acessíveis às micro e pequenas empresas fornecendo capital de giro e opções de investimentos, fazem do Banco do Brasil a instituição mais procurada por pessoas que tem o interesse de estabelecer uma empresa.

Demais, disso, o Banco do Brasil está presente em diversos segmentos culturais e artísticos, no esporte olímpico brasileiro (vôlei, futsal, etc), entre outras modalidades esportivas, confirmando o propósito de participar do crescimento do Brasil atuando em diversas áreas.

Dessa forma, a marca “Banco do Brasil” é uma das mais conhecidas e valorizadas pelos brasileiros, que reconhecem na instituição atributos como solidez, confiança, credibilidade, segurança e modernidade. Por meio de atuação bastante competitiva nos mercados em que atua, o Banco do Brasil é uma companhia lucrativa alinhada a valores sociais.

Deve ser considerado, ainda, que tal postura não se coaduna com o posicionamento do atual governo, tampouco do Congresso Nacional os quais sustentam a não privatização do Banco do Brasil sendo, portanto, um discurso isolado e que não reflete a atual conjuntura política do país.

Diante de tal contexto, a ANABB vem, veementemente, REPUDIAR o infeliz pronunciamento realizado por Vossa Senhoria o qual não condiz com a cordialidade e a urbanidade que o cargo exige e que vem tão somente, de forma imprudente, enfraquecer um dos maiores legados que o Brasil possui nos tempos modernos: o banco de todos os brasileiros. Tal postura revelou-se despropositada e indecorosa não somente para com a instituição e todo o funcionalismo do Banco do Brasil e, sobretudo, para com todo o povo brasileiro.

Ante o exposto, considerando que o Banco do Brasil é uma instituição milenar exercendo um papel fundamental na economia brasileira e que não merece ser tratada com descaso, a ANABB vem NOTIFICAR Vossa Senhoria a fim de que se retrate formalmente em relação ao pronunciamento realizado como medida de justiça e, sobretudo, de respeito a toda nação brasileira.”

Brasília, 17h29min

Vicente Nunes