Fufuca é só um sintoma

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PAULO DE TARSO LYRA

A crônica política da semana deitou e rolou com a interinidade do deputado André Fufuca (PP-MA) na presidência da Câmara. Fufuca virou top ten, gerou marchinhas de pré-carnaval, comparações com o personagem Zacarias, dos Trapalhões, verbete político. De fato, não deixa de ser nonsense um poder ser presidido, ainda que interinamente, por alguém que se apresenta como Fufuca, ou Fufuquinha, filho do prefeito de Alto Alegre do Pindaré, Fufuca Dantas. A explicação etmológica é de que, no Maranhão, Fufuca é o apelido dado a Francisco. Chiquinho é comum demais.

Mas Fufuca é apenas mais um sintoma da doença que acomete nossa representatividade política. Na terça-feira passada, o Congresso Nacional viveu momento de escolinha primária. E não foi a primeira vez. Na rede social, circula um vídeo no qual aparece uma série de deputados se empurrando e, na edição, foi inserida uma música do Chiclete com Banana. O plenário da Câmara parecia a pipoca do circuito Ondina.

Na terça, a bagunça foi retomada a partir de uma desavença regional entre o senador João Alberto (PMDB-MA) e o deputado Weverton Rocha (PDT-MA) na sessão do Congresso para derrubada dos vetos presidenciais. Novamente teve bate-boca, novamente teve empurra-empurra. Estivéssemos em um colégio com crianças bagunceiras, bastaria um monitor com apito e estariam todos sem recreio. Mas era uma sessão do Congresso Nacional.

Sessão que não era presidida por Fufuca, para ver que ele é um sintoma, não a doença. Em um determinado momento, quando os deputados protestavam com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), este me saca da algibeira a seguinte pérola. “Baixa o dedo que não sou sua nega”. O mesmo Eunício teve que se confrontar com o mito reverso de Narciso desfilado pelo deputado Silvio Costa (PTdoB-CE). “O senhor, presidente Eunício, diz que não tem medo de cara feia. Não deve ter mesmo, porque, se tivesse, não se olhava no espelho.”

Há 15 dias, o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), avisou que a legenda voltaria a se chamar MDB. O Globo fez uma matéria elucidativa sobre as diferenças entre as duas fases, mas as fotos explicavam tudo. O PMDB tem Renan Calheiros, Michel Temer e Romero Jucá. O MDB tinha Itamar Franco, Ulysses, Montoro e Tancredo. A classe política atual é uma legião de Fufucas.

Brasília, 10h53min

Vicente Nunes