PAULO DE TARSO LYRA
Mas Fufuca é apenas mais um sintoma da doença que acomete nossa representatividade política. Na terça-feira passada, o Congresso Nacional viveu momento de escolinha primária. E não foi a primeira vez. Na rede social, circula um vídeo no qual aparece uma série de deputados se empurrando e, na edição, foi inserida uma música do Chiclete com Banana. O plenário da Câmara parecia a pipoca do circuito Ondina.
Na terça, a bagunça foi retomada a partir de uma desavença regional entre o senador João Alberto (PMDB-MA) e o deputado Weverton Rocha (PDT-MA) na sessão do Congresso para derrubada dos vetos presidenciais. Novamente teve bate-boca, novamente teve empurra-empurra. Estivéssemos em um colégio com crianças bagunceiras, bastaria um monitor com apito e estariam todos sem recreio. Mas era uma sessão do Congresso Nacional.
Sessão que não era presidida por Fufuca, para ver que ele é um sintoma, não a doença. Em um determinado momento, quando os deputados protestavam com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), este me saca da algibeira a seguinte pérola. “Baixa o dedo que não sou sua nega”. O mesmo Eunício teve que se confrontar com o mito reverso de Narciso desfilado pelo deputado Silvio Costa (PTdoB-CE). “O senhor, presidente Eunício, diz que não tem medo de cara feia. Não deve ter mesmo, porque, se tivesse, não se olhava no espelho.”
Há 15 dias, o presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), avisou que a legenda voltaria a se chamar MDB. O Globo fez uma matéria elucidativa sobre as diferenças entre as duas fases, mas as fotos explicavam tudo. O PMDB tem Renan Calheiros, Michel Temer e Romero Jucá. O MDB tinha Itamar Franco, Ulysses, Montoro e Tancredo. A classe política atual é uma legião de Fufucas.
Brasília, 10h53min