Levy Guedes
Levy Guedes Ed Alves/CB/D.A Press Levy Guedes

Fritura de Levy vai de Bolsonaro a Guedes

Publicado em Economia

RODOLFO COSTA

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Joaquim Levy, está por um fio. Não foi só o presidente Jair Bolsonaro que colocou a “prêmio” a “cabeça” do mandatário do banco de fomento.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, responsável por indicar e insistir na nomeação do economista para o cargo — ainda na transição — é um dos mais insatisfeitos. Já Bolsonaro diz que Levy não cumpriu a promessa de abrir a “caixa-preta” do BNDES, explicitando todas as condições dos empréstimos feitos, por exemplo, à Venezuela, a Cuba e à JBS durante os governos do PT.

 

O ministro sente que falta mais fidelidade de Levy. Depois de ter defendido com unhas e dentes a nomeação, Guedes esperava mais empenho na devolução de recursos do BNDES ao Tesouro Nacional. Desde 2015, o banco de fomento devolve, com juros, R$ 416 bilhões tomados junto à União, entre 2008 e 2014. Em maio, R$ 30 bilhões foram transferidos, mas a equipe econômica pressiona por mais.

 

A intenção de Guedes é que, somente em 2019, sejam pagos R$ 126 bilhões. O valor é alto, mas a equipe econômica espera, pelo menos, outros R$ 36 bilhões. O valor foi mencionado pelo secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, na quarta-feira (12/6), quando a Caixa tomou a frente e iniciou o processo da “despedalada” das instituições financeiras públicas, com a devolução de R$ 3 bilhões ao Tesouro.

 

O anúncio da Caixa, que tomou a dianteira, foi um “recado” para Levy, admite um interlocutor de Guedes. “A insatisfação em relação a ele não é bem uma novidade, mas está se aprofundando. O desconforto sobre o problema da devolução dos recursos não é mais latente”, alertou ao Blog uma fonte de dentro da equipe econômica.

 

Por conta do incômodo, secretários e assessores estão seguros de que uma eventual demissão de Levy não criará crise de relacionamento entre Guedes e Bolsonaro, ou impactos no Ministério. “O ministro não está satisfeito com Levy. E tem suas razões”, acrescentou.

 

Mesmo sem a demissão ter sido anunciada formalmente, dois nomes despontam como potenciais sucessores. O presidente do Conselho do BNDES, Gustavo Franco, e o secretário especial de Desestatização e Desenvolvimento do Ministério da Economia, Salim Mattar, são os mais cotados a substituir Levy.