Agora, sabe-se que, com autorização de Temer, Rodrigo Loures negociou com Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS, cargos estratégicos no Banco Central, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Receita Federal, órgãos nos quais o empresário tinha muitos interesses.
Temer, por sinal, antecipou para Joesley que o Banco Central cortaria a taxa básica de juros (Selic) em um ponto percentual na reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom). A pergunta que todos estão se fazendo é: como Temer soube da decisão antecipadamente? Alguém do primeiro escalão do BC o avisou. Quem?
Furacão Palocci
O Banco Central não está apenas no centro das delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do JBS. Tudo indica que Antonio Palocci também levará o BC para o olho do furação. Gente graúda do mercado garante que, quando esteve à frente do Ministério da Fazenda, Palocci negociou muitas informações privilegiadas, entre elas, as decisões do Copom.
É incrível que uma instituição como o BC, eminentemente técnica, esteja aparecendo no centro de delações premiadas. O atual caso mostra que a instituição sempre esteve cooptada pelos interesses políticos. É assim no governo Temer, foi assim nos governos anteriores.
É preciso ficar atento em relação aos interesses do JBS no mercado de câmbio. Tempos atrás, falou-se muito no mercado que uma decisão do BC teria permitido ao grupo dos irmãos Batista reduzir um grande prejuízo com dólar. Agora, se fala que o JBS operou pesado na quarta-feira, 17, no câmbio, antes de as delações dos empresários se tornarem públicas. Eles teriam embolsado uma fortuna maior do que os R$ 225 milhões que pagaram na delação para se livrarem de quaisquer punições.
Brasília, 15h05min