Fitch revisa projeção de queda para o PIB de 2020 para 5,8%

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

A agência de classificação de risco norte-americana Fitch Rating acaba de revisar a previsão de queda do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020, de 7% para 5,8%, devido à melhora nos indicadores de alta frequência e aos estímulos do fiscais do governo durante a pandemia de covid-19.

 

“A revisão para cima vem à luz de dados melhores do que o esperado para o segundo trimestre de 2020 e a expectativa de uma reabertura da economia”, justificou a agência de classificação de risco norte-americana em relatório divulgado nesta terça-feira (08/09). A entidade reduziu de 3,5% para 3,2% a estimativa de crescimento em 2021.

 

Enquanto a Fitch melhorou as projeções para o PIB brasileiro, as estimativas do mercado computadas pelo Banco Central pioraram pela primeira vez após nove semanas. A mediana das previsões do boletim Focus para a queda do PIB de 2020 passou de 5,28% para 5,31%. Logo, a agência ainda está mais pessimista do que o mercado e do que o governo, que prevê recuo de 4,7% no PIB neste ano.

 

Na avaliação da agência, a confiança dos consumidores e das empresas está se recuperando, apesar de a situação mais difícil devido à pandemia de covid-19 no Brasil. “Os dados de alta frequência, como o da recuperação nas vendas no varejo em junho, sugerem que transferências fiscais para apoiar a população vulnerável e a reabertura da economia ajudaram a melhorar a demanda interna. Da mesma forma, a produção industrial cresceu 8,9% em junho na comparação com o mês anterior, com destaque para a recuperação nos indicadores de produção”, destacou a Fitch.

 

Contudo, o documento apontou riscos para as projeções devido às incertezas da política interna, “especialmente relacionadas à política fiscal”. “A Fitch espera recuperação do crescimento em 2021 devido à base favorável com a melhoria das condições externas, notadamente, em função da recuperação da economia chinesa. No entanto, a retomada poderá ser restrita pela necessidade de ajuste fiscal, pela taxa de desemprego mais elevada e pela provável persistência da incerteza política relacionadas às reformas”, avaliou.

 

Pelas estimativas da Fitch, a inflação segue moderada em 2020, com o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) atingindo 2,3% em julho, no acumulado em 12 meses, bem abaixo da meta, de 4%. ao ano “A economia considerável contração e o hiato do produto negativo frearam as pressões da inflação”, destacou. A agência prevê que o Comitê de Política Monetária (Copom) não deverá mais cortar a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 2% ao ano, mas devendo voltar a subir os juros a partir de 2021.