Quando o governo anunciou a previsão de crescimento de 3% para este ano, já houve muita chiadeira no mercado. As críticas apontavam que a Fazenda e o Planejamento estariam inflando receitas para tornar mais factível o cumprimento da meta fiscal, de deficit de até R$ 159 bilhões. Como a ritmo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) desacelerou muito, não há mais porque insistir em uma projeção improvável, que gera distorções nas receitas e torna a administração do Orçamento irreal.
A nova previsão para o o PIB, de alta de 2,5%, virá no relatório bimestral de avaliação de despesas e receitas, a ser divulgado em 22 de maio. “Com essa previsão, vamos ficar mais próximos da realidade. Todo o mercado está revisando para baixo o desempenho da economia”, afirma um técnico da equipe econômica que vem trabalhando com os números. “Estamos refazendo todas as contas. Tudo o que queremos é passar confiança em relação aos números”, acrescenta.
O mesmo técnico não descarta a possibilidade de, mais à frente, a Fazenda e o Planejamento terem que revisar novamente para baixo a previsão do PIB. “Não podemos esquecer que o quadro internacional mudou muito nas últimas semanas. Tudo conspira para um nível de atividade menor no mundo. Estamos vendo dólar em alta, petróleo se valorizando, juros subindo mais que o esperado nos Estados Unidos”, destaca. Tudo isso, segundo ele, afeta o Brasil. “Perdemos uma alavanca importante. E ainda temos uma eleição totalmente incerta pela frente.”
Com a previsão de crescimento menor, a Fazenda se aproxima do mercado, com projeção de 2,7% para o PIB, e do Banco Central, que estima, oficialmente, alta de 2,6%. O BC sabe que, mais à frente, também terá que reduzir sua previsão. Pelos indicadores já colhidos, o crescimento deste ano está mais próximo de 2%.