Há o temor de que bolsonaristas mais radicais possam perturbar a família de Cid à medida que forem sendo reveladas as informações que ele passou para a PF. A colaboração do coronel vai muito além das joias desviadas e vendidas a pedido de Bolsonaro.
Nas mais de 24 horas de depoimentos que ele prestou ao longo de três dias, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro falou sobre como se deram as vendas das joias recebidas de presente em missões no exterior e do fluxo financeiro da família do ex-chefe.
Pelo que disse Mauro Cid, que está preso desde maio, a movimentação de milhões de reais nas contas do ex-presidente não decorre apenas da arrecadação com as joias. Caberá a polícia mapear tudo com base na quebra de sigilo de Bolsonaro e da mulher dele, Michelle.
Gabinete do ódio e golpes
Foi a mulher do coronel, Gabriela, que o convenceu a entregar tudo o que se sabe sobre o que se passou nos quatro anos de governo de Bolsonaro, inclusive sobre o Gabinete do Ódio, especializado em destruir a reputação de inimigos do ex-presidente, e sobre os movimentos golpistas.
Gabriela também está sob investigação. Ela articulou com Ticiana Haal Villas Bôas, filha do general Eduardo Villas-Bôas, ex-comandante do Exército, a convocação de manifestantes para um golpe de Estado, com anulação das eleições vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva.
O pai de Mauro Cid, o general Lourena Cid, também prestou depoimento à Polícia Federal e defende que se entregue tudo o que se sabe sobre Bolsonaro. Ele repassou US$ 25 mil (R$ cerca de R$ 125 mil) em dinheiro vivo ao ex-presidente.
No que depender do advogado do coronel, o criminalista Cezar Bitencourt, as autoridades terão de dar proteção especial à família se seu cliente. Ele já deixou claro, em várias oportunidades, o risco que todos correm com o avanço das investigações sobre Bolsonaro.