Com alta de 0,9% no PIB do 2º trimestre, Brasil fica em 7º lugar em ranking global

Compartilhe

ROSANA HESSEL

Após mais uma surpresa positiva no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deste ano, o Brasil registrou o 7º melhor resultado em um ranking de 59 países elaborado pela Austin Rating. Os dados foram atualizados* pela agência de classificação de risco e o país ficou em melhor colocação do que a 12ª posição divulgada anteriormente.

O PIB brasileiro cresceu 0,9% entre abril e junho deste ano, na comparação com os três meses anteriores, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira (1º/9). O desempenho foi melhor do que o esperado pelo mercado, cuja mediana das estimativas estava entre 0,2% e 0,3%.

“Os dados do PIB vieram em linha com as estimativas da Austin, de 0,8%, e confirmam a nossa previsão de crescimento de 2,4% no PIB deste ano”, afirmou Alex Agostini, economista-chefe da Austin. Segundo ele, a queda na agricultura já era esperada após o avanço de 21,9% no primeiro trimestre, mas a grande surpresa foi a indústria, que cresceu 0,9%. Outro dado importante destacado por Agostini foi o consumo das famílias, que avançou 0,9%.

“O consumo das famílias é extremamente importante e foi um grande pilar para o PIB pela ótica da demanda, mostrando que esse crescimento ainda segue de forma bastante forte, forte, vigorosa, não robusto, mas forte, vigoroso. Isso só reafirma nossa projeção do crescimento do PIB para o ano de 2,4%. Lembrando que, neste segundo semestre, vamos sentir já os efeitos indiretos da queda das taxas de juros que já iniciou, porque os efeitos diretos sabemos que demora um pouquinho para acontecer”, afirmou.

Como impactos indiretos da queda da taxa básica da economia (Selic), iniciada na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, em agosto, Agostini destacou os efeitos de recuperação de linha de crédito por conta do Programa Desenrola — de renegociação de dívidas do governo. “Isso ajuda bastante a população de mais baixa renda e a queda de juros ajuda aquela população de de média, de médio e alta renda no consumo de bens duráveis, principalmente imóveis. Tudo isso estimula a massa salarial e dá uma boa consistência para o crescimento do PIB neste ano, pavimentando também o crescimento do ano que vem”, explicou.

Agostini reconheceu, contudo, que o cenário internacional ainda tem incertezas e precisa ser acompanhado de perto, “Cada vez mais temos um nível de risco de recessão na Europa, mas, nos Estados Unidos, esse risco é menor”, destacou ele lembrando que a maior economia do planeta registrou avanço de 0,6%, no segundo trimestre, o 14º maior no ranking da Austin.

“Estamos otimistas com a atividade, apesar de a economia chinesa também estar desacelerando. Todo mundo está de olho na China, mas o Brasil, internamente, tem feito alguns ajustes importantes, como a aprovação do arcabouço fiscal. Por isso, está sendo consolidado um crescimento, mas ele não é uma grande maravilha. Mas 2,4% é muito melhor do que aquele que se projetava no início do ano, que era algo em torno de 0,8%. Então vem aí numa situação bastante positiva e agora que será no segundo semestre um pouco melhor”, acrescentou.

Pelas estimativas do economista, neste ano, o Brasil deverá voltar para a lista das 10 maiores economias do planeta, considerando dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 2022, o país ocupou a 11ª colocação com um PIB de US$ 1,9 trilhão.

O resultado do PIB brasileiro ficou acima da média geral, de 0,5%, e da média dos países da Zona do Euro, de 0,3%. Além disso, empatou com a média dos países do Brics — anagrama do grupo de emergentes integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul –, de 0,9%.

No ranking da Austin, o Japão ficou no topo após registrar avanço de 1,5% no PIB na margem (em comparação com o trimestre anterior). Eslovênia e Taiwan completam o pódio com ambos registrando crescimento de 1,4% na mesma base de comparação.

*Obs.: Os dados do ranking foram corrigidos pela Austin, pois estavam anualizados.

Vicente Nunes