Equipe econômica sente o baque do “despreparo” de Bolsonaro

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Sempre entusiasmados em falar dos projetos do governo, integrantes da equipe econômica já não exibem o mesmo otimismo. Pouco mais de dois meses da posse de Jair Bolsonaro, os técnicos se dizem surpresos com o “despreparo” do chefe do Executivo, muito mais preocupado com a agenda de costumes do que com questões estruturais que atravancam o país.

Entre os técnicos que retornaram ao trabalho na quarta-feira, 6 de março, depois do carnaval, o clima era de incredulidade. Ninguém acreditava que o presidente, em vez de estar engajado na campanha de reforma da Previdência Social, seu maior teste de credibilidade e força política, passou o carnaval falando sobre temas nada apropriados, inclusive, difundindo um vídeo com obscenidades.

Alguns integrantes da equipe econômica se deram ao trabalho de mapear todas as mensagens de Bolsonaro no Twitter durante a festa de Momo. Foram 29 postagens, nenhuma sobre a reforma da Previdência. Ou seja, ninguém está vendo o presidente assumir o papel de principal garoto propaganda das mudanças no regime de pensão e aposentadorias.

“Trapalhadas”

Os técnicos mais pessimistas listam as “trapalhadas” de Bolsonaro na área econômica. Dias depois de tomar posse, o presidente falou que a idade mínima para a aposentadoria no projeto de reforma da Previdência seria de 57 anos para mulheres e de 62 anos para homens. Afirmou, ainda, que o governo reduziria a maior alíquota do Imposto de Renda de 27,5% para 25% e que aumentaria o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Em menos de 24 horas foi desmentido.

Mais recentemente, antes mesmo de o Congresso começar a discutir a reforma da Previdência, Bolsonaro disse que o governo aceitaria reduzir a idade mínima de aposentadoria para as mulheres de 62 para 60 anos. Isso foi visto pela equipe econômica como um grande erro, uma vez que fragiliza o projeto de reforma, que pretende economizar R$ 1,1 trilhão em 10 anos.

Para a equipe econômica, ou o presidente entra nos eixos e para de fazer bobagens nas redes sociais e de falar demais, ou ficará complicado, pois a confiança dada pelos agentes financeiros ao governo está por um fio. “E o maior perdedor será o país”, diz um dos técnicos.

Brasília, 07h41min

Vicente Nunes