ROSANA HESSEL
Após o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) cortar os juros em 0,50 ponto percentual para estimular a economia como resposta à desaceleração global em função do novo coronavírus, a equipe econômica espera que o Banco Central do Brasil siga o mesmo caminho. Técnicos do Ministério da Economia já estão debruçados sobre os números para revisar as previsões de crescimento do país neste ano para baixo em função da piora nas expectativas diante de indicadores cada vez piores da atividade.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) está marcada para os dias 17 e 18 deste mês. Na anterior, nos dias 4 e 5 de fevereiro, o colegiado reduziu a taxa básica de juros de 4,50% para 4,25% ao ano, o menor patamar da história. As apostas no início do ano, antes do coronavírus, eram que essa taxa seria mantida até dezembro.
As previsões de crescimento da economia global estão sendo revisadas para baixo e a redução dos juros é um sinal para a retomada da atividade da economia frente ao aumento do pessimismo nos mercados. Vários bancos centrais estão reduzindo ou sinalizando queda nos juros como forma de estimular a economia que dá sinais de retração, como é o caso do Japão que deve entrar em uma nova recessão.
Ontem, a Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), reduziu de 2,9% para 2,4% a expectativa de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Já a consultoria britânica Capital Economics já prevê avanço de 2% no mundo por conta do coronavírus e não mais 2,9%. Aliás a taxa de alta de 2% é a mesma para a China, principal exportador global e foco dos primeiros casos da Covid19, nome da doença causada pelo novo coronavírus. Se essa previsão se confirmar, países exportadores como o Brasil devem sentir um impacto maior ainda dessa desaceleração. Não à toa, as estimativas do PIB brasileiro da Capital Economics passaram de 1,5% para 1,3% devido ao impacto da epidemia que tem dois casos confirmados no país.