Equipe econômica acha que BC deve parar de cortar juros depois de queda de hoje

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A equipe econômica traçou uma série de cenários para a economia e acredita que, depois de cortar a taxa básica de juros (Selic) em mais 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira (11/12), de 5% para 4,5% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve suspender o processo de flexibilização monetária.

Para os técnicos, com os últimos repiques da inflação, é preciso que o BC seja mais cauteloso, para não ser obrigado a subir a Selic já em 2020, quando se espera uma reação mais forte do Produto Interno Bruto (PIB). “É melhor manter os juros estáveis em 4,5% para avaliar o cenário. Não há porque correr riscos”, diz um integrante da equipe econômica.

Os técnicos reconhecem que, quando retirada a disparada dos preços da carne do cálculo da inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está muito baixo. Isso justificaria o BC sinalizar mais um corte de 0,25 ou mesmo de 0,5 ponto em fevereiro de 2020, como prevê parte dos operadores do mercado. Mas, ainda assim, a recomendação é de cautela.

Dúvidas

Ainda não se sabe ao certo qual será o ritmo de recuperação da economia daqui por diante. Parte da queda dos juros dos últimos meses ainda não chegou à economia real. Se a reativação da atividade for mais forte, puxada pelo consumo das famílias, os agentes econômicos poderão se sentir confortáveis para reajustar as tabelas de preços além da conta.

“A queda de 0,5 ponto na Selic nesta quarta-feira já está contratada e será muito bem-vinda”, diz um outro técnico do governo. “Daqui por diante, no entanto, o terreno fica mais perigoso. Com inflação, já vimos, não se brinca. A taxa de juros de 4,5% a ser anunciada hoje pelo BC era impensável um ano atrás”, acrescenta.

Os técnicos analisam que os juros nos atuais patamares são uma conquista da qual o país não pode abrir mão e terão papel fundamental para pavimentar um crescimento sustentado para o desenvolvimento econômico equilibrado, sem bolhas. “Temos certeza de que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sabe disso”, frisa um dos servidores.

Brasília, 14h01min

Vicente Nunes