Enquanto Bolsa cai, Guedes fala sobre primeira infância

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ROSANA HESSEL

Em mais um dia de turbulência no mercado financeiro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, escolhe uma agenda light para começar o dia. Mal a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) iniciava as negociações e estreava um novo patamar, de 115 mil pontos, escorregando 1,2% em relação à véspera com apenas 20 minutos de pregão, o chefe da equipe econômica participava de evento sobre primeira infância organizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde chegou a falar, de relance, em harmonia e democracia ao afirmar que esse tema está “acima das disputas políticas” .

“Estamos conversando com governadores sobre produtividade, salários, mas temos de ter em mente um compromisso muito maior, com as futuras gerações, e de dar sequência as evoluções de antes. É um pacto entre gerações. O marco legal da primeira infância foi feito antes, chegarmos e, agora, aderindo a esse pacto, criando esse monitoramento e implementação das politicas publicas de proteção à primeira infância, estamos dando também nosso passo”, afirmou Guedes na videoconferência, após apresentação de balé e fala de vários participantes durante o seminário “Pacto Nacional pela Primeira Infância”, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Fux.

A fala do ministro da Economia não citou as tensões institucionais e financeiras do momento que estão fazendo a Bolsa cair e o dólar subir. Guedes destacou uma “agenda de coordenação e acompanhamento de políticas dedicadas à primeira infância”, em um discurso, de certa forma, dissociado da realidade na qual a credibilidade do “superministro” está virando pó com o aumento da desconfiança no país e, como consequência, da disparada dos juros dos títulos públicos para dois dígitos.

“Herdamos o marco legal de politicas que passaram antes, dando sequência a essa agenda, orçamentação, execução, e, no fundo, estamos aderindo através desse nosso pacto a esse compromisso que todos temos de ter, acima dos partidos, esquerda, direta, o que não pode haver é não aderirmos a esse pacto com o futuro do país, com a primeira infância. Jovens formam desenvolvimento afetivo, neural, e desenvolvimento vai depender essa proteção que os jovens recebem hoje. São os investimentos mais rentáveis que uma sociedade pode fazer são de zero a seis anos, levando esse melhor ambiente social, cognitivo, afeto, proteção, que é a formação do individuo”, disse o ministro falando que essa da preocupação “vinha dos gregos antigos”.

“Os atenienses pensavam em como formar os cidadãos para a boa vida, para a comunidade. Todos sabemos da necessidade desse compromisso com as gerações futuras. temos mantido isso no ministério da economia, e sou compromisso da luta dos governadores. temos compromisso com os jovens, com as crianças, e com o futuro deles”, afirmou o chefe da equipe econômica.

De acordo com o ministro, o governo teve quatro ações praticas nessa agenda. Primeiro, a inclusão da proteção à primeira infância no Plano Plurianual (PPA); segundo, um decreto assinado ontem pelo presidente, elaborado no Ministério da Economia, que criou essa agenda da primeira infância. “E nós confiamos nos estados e nos municípios para essa agenda descentralizada de políticas públicas. No fundo, a execução é descentralizada, é mais Brasil, menos Brasília. O Brasil implementa e acompanha junto com a as organizações da sociedade civil para garantirmos um futuro melhor para as crianças brasileiras”, afirmou.

A terceira medida, segundo o ministro, é que a primeira infância será também prioridade na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022, que já foi aprovada pelo Congresso antes do recesso. E a quarta ação, acrescentou, é a adesão da Economia ao Pacto Nacional. “Temos de combater esse enorme deficit social, que tem suas raízes na primeira infância”, afirmou. “Uma criança com boa alimentação, familiar, com proteção, seguramente tem mais chances de ter uma vida com potencial de exercer esse potencial humano que todos temos. Estamos absolutamente comprometidos e quero reafirmar minha convicção com a a democracia que temos de colocar acima, seja das disputas politicas, seja das guerras transitórias pelo poder, nosso compromisso com as crianças brasileiras, que são o futuro do país”, concluiu.

Vicente Nunes