Empresas do setor de minério de ferro se beneficiam nas bolsas mundiais

Publicado em Economia

HAMILTON FERRARI

As empresas do setor de minério de ferro tiveram um dia positivo no mercado mundial. O anúncio da Vale de suspender a produção em até 10% repercutiu nas bolsas internacionais. Na prática, até concorrentes da companhia brasileira se beneficiam. As ações da Cleveland-Cliffs subiram 17,30% em Nova York nesta quarta-feira (30/1).

A Rio Tinto e a BHP subiram 0,7% e 2,1%, respectivamente. O mercado reage à perspectiva de que haverá menos oferta do metal no mundo, já que a Vale tem grande impacto na produção mundial. Tanto é que a cotação futura do minério de ferro na China subiu 5,6%, saindo de US$ 79,5 para US$ 87,2. Os chineses são os maiores importadores da commodity do Brasil.

 

A própria Vale tem se beneficiado com a menor produção no Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo. As ações ordinárias estavam cotadas a R$ 56,15 no dia da tragédia em Brumadinho (MG). No pregão seguinte, tombaram para R$ 42,38. Nesta quarta, terminam o dia cotadas a R$ 46,70, após alta de 9%.

 

A avaliação do mercado é que a Vale é uma empresa extremamente robusta e que deve recuperar o que foi perdido. As ações judiciais e as sanções que ainda devem sair contra a empresa trarão volatilidade, segundo analistas, mas não devem mudar drasticamente o preço de mercado da companhia.

 

Além disso, o Brasil não deve perder mercado na venda de minério de ferro para o exterior. Segundo cálculos de analistas, a Vale vai parar de produzir 40 milhões de toneladas, o que corresponde a US$ 2 bilhões. Outros produtores como Austrália, Índia e Canadá podem ocupar parte do mercado, mas o desaquecimento da economia global, principalmente da China, limitará os efeitos de perdas.

 

O minério de ferro produzido pela Vale também é considerado de melhor qualidade. A maior parte da produção não fica em Minas Gerais, mas, sim, em Canaã dos Carajás, localizado no sudeste do Pará. A companhia elevou a produção do estado para 230 milhões de toneladas ao ano.

 

Brasília, 19h13min