As companhias aéreas brasileiras não brincam em serviço quando o assunto é meter a mão no bolso dos consumidores. Com o discurso de que os preços do petróleo subiram muito nos últimos dias, Azul, Gol e Latam avisaram que vão aumentar os preços das passagens e reduzir o número de voos para se readequarem às novas condições do mercado. Um golpe nos viajantes.
As mesmas empresas, no entanto, não contam para ninguém que foram beneficiadas pelo projeto de lei aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente da República que reduz impostos federais sobre o querosene de aviação. Só com essa medida, Azul, Gol e Latam deixarão de recolher quase R$ 400 milhões até o fim do ano aos cofres da União.
A isenção de tributos sobre o querosene de aviação, por sinal, entrou no projeto de lei no último instante, depois de um intenso lobby conduzido pela Azul. Os parlamentares se comoveram com os argumentos das empresas, que ainda serão beneficiadas pela mudança no sistema de cobrança do Imposto sobre Circulação de Serviços e Mercadorias (ICMS), ainda a ser regulamentado.
Desde o início do ano, os preços das passagens aumentaram, em média, 50% pelos cálculos de especialistas. As empresas dizem que não é bem assim, que os valores dos bilhetes aéreos variam de acordo com os horários e a demanda por voos.
O certo é que as companhias aéreas não estão nem aí para os consumidores. Como podem cobrarem preços tão elevados no Brasil, quando na Europa e nos Estados Unidos é possível viajar pagando preços irrisórios, o que permite que todos usufruam dos serviços, não apenas a elite, como no Brasil?
Brasília, 17h37min