Emprego só vai melhorar em 2018

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POR RODOLFO COSTA E ANTONIO TEMÓTEO

O economista Miguel Foguel, especialista em mercado de trabalho do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é tachativo: a perda de dinamismo da atividade implicou no aumento do desemprego desde o início de 2015. Na avaliação dele, a geração de vagas só deve se tornar uma realidade a partir de 2018 e a taxa de desocupação, hoje de 11,2%, só recuará para abaixo dos dois dígitos em 2020.

Foguel explica que o pleno emprego, que se viu nos últimos anos, mais foi destruído pela recessão, só se tornará realidade depois de um longo período de crescimento sustentado do Produto Interno Bruto (PIB). “Muitos brasileiros estão em uma situação de desalento em meio à dificuldade de se recolocar no mercado. Com isso, temos perda de capital humano”, comenta.

Para o especialista do Ipea, a boa notícia é que parte da população tem aproveitado a crise para se requalificar, sobretudo quem chegou a esse momento de recessão com alguma reserva financeira para emergências. Apesar disso, ele destaca que muitos profissionais, mesmo qualificados, têm se sujeitado a aceitar empregos que pagam menos para garantir alguma fonte de renda ou trabalhando por conta própria.

“O exemplo prático dessa situação é o Uber. Muitas pessoas aproveitaram o dinheiro da rescisão para comprar um carro e prestar o serviço. São as alternativas que os brasileiros têm encontrado para sobreviver”, comenta. Mas, mesmo opções como essa já não resolvem os problemas do desemprego no Brasil. O que realmente incrementa o mercado de trabalho e faz a renda crescer é o crescimento econômico.

Retração

Entre janeiro e março de 2016, o rendimento médio real de trabalhadores com nível superior era de R$ 4.426, 4,9% a menos que o observado no primeiro trimestre do ano passado, de R$ 4.656. O recuo é ainda maior entre trabalhadores com ensino médio completo, que recebem, em média, R$ 1.589 – retração de 5,6% em igual comparação.

Todo esse cenário deixa Juliana Braúna, 19 anos, preocupada. Ela concluiu o ensino médio em 2014 e, no ano seguinte, se dedicou a passar em direito na Universidade de Brasília (UnB). Após frustrações no vestibular, ela decidiu arrumar um emprego para bancar a própria faculdade. No entanto, até agora, esbarrou na falta de oportunidades. “Entendo que os empresários querem alguém com experiência, mas podiam dar oportunidade a quem ainda não tem”, lamenta.

Com o olhar no futuro, Juliana torce para que a situação econômica do país melhore logo para que, depois de concluir os cinco anos do curso de direito, ela consiga uma vaga no mercado jurídico. “Torço muito para que os empresários invistam na economia e voltem a gerar empregos”, diz.

Brasília, 10h10min

Vicente Nunes