Em meio à trapalhada da Previdência, Bolsa sobe 1,76%

Publicado em Economia

GABRIEL PONTE

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), oscilou, no pregão desta quarta-feira 26, em meio à notícia de que Paulo Guedes, ministro da Economia, não iria mais comparecer à audiência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para explicar pontos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência aos parlamentares. No entanto, puxado pelo bom humor nas bolsas internacionais, o índice encerrou a sessão de negócios em expressiva alta de 1,76%, aos 95.306 pontos. Foi a primeira sessão de ganhos para o índice, após cinco recuos. Já o dólar norte-americano encerrou o dia em alta de 0,26%, sendo negociado a R$ 3,867 para venda.

 

Guedes decidiu cancelar a ida à CCJ após ser alertado por aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) de que, se houvesse um eventual esvaziamento na comissão, seria sabatinado apenas por deputados da oposição. Em nota, o Ministério da Economia afirmou que “a ida do ministro da Economia à CCJ será mais produtiva a partir da definição do relator” da reforma.

 

Os destaque  do dia foram os papéis preferenciais da Petrobras, que avançaram 4,72%, beneficiados pela alta do barril do petróleo tipo Brent. Já as ações ordinárias da Vale avançaram 1,47%. As duas companhias têm peso considerável na composição de carteira do Ibovespa. Entre os ativos do setor financeiro, o papéis ordinários do Banco do Brasil apresentaram alta de 2,35%, sustentando os ganhos da Bolsa.

 

Exterior

 

Em meio às trapalhadas em torno da Previdência, o clima positivo no exterior alavancou o Ibovespa. Na Bolsa de Valores de Nova York, o índice Dow Jones subiu 0,55% e S&P500 teve alta de 0,72%. Na Nasdaq, houve incremento de 0,71%. Na Europa, destaques para o pregão de Londres, com alta de 0,26%, de Paris, que subiu 0,89%.

 

Para Breno Bonani, analista da Valor Gestora, apesar dos ganhos no exterior, pesou, nos negócios locais, a boa repercussão, por partes dos agentes econômicos, da não ida de Paulo Guedes à CCJ. “Na minha visão, Paulo Guedes fez bem em não ter ido, ainda mais pela necessidade de decidir o relator da CCJ. O ministro poderia ficar muito exposto a questionamentos, por parte da oposição, não relacionados à Previdência e que poderiam desgastar o assunto”, diz.

 

Pedro Galdi, analista de investimentos da Mirae Asset, afirma que pesou, no dia, o tom ‘dovish’ observado nas atas do Fed e do Copom. “O mercado vivenciou, na última semana, pregões pesados, em meio à preocupação com a desaceleração global, o escalonamento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, além do Brexit. Hoje, especulou-se que, em um cenário um pouco mais negativo, os BCs poderiam até ser mais amigáveis. Houve rumores de que o Fed poderia acabar por abaixar os juros nos Estados Unidos.”

 

Segundo ele, há também expectativas em torno de algum encaminhamento da guerra comercial, com o encontro entre autoridades estadunidenses e chinesas nesta semana. “Isso pesou na abertura de bolsas asiáticas, europeias, assim como as estadunidenses, que abriram no positivo”, pondera Galdi.

 

Brasília, 18h01min