ROSANA HESSEL
Nesta quarta-feira (4/5), dia de decisão da política monetária do Banco Central (BC) e do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), chamada de super quarta pelo mercado financeiro, a Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), o clube dos países ricos, divulga dados nada animadores sobre a inflação do grupo composto por 38 países e do qual o Brasil tenta ser membro, a duras penas.
De acordo com dados da OCDE, devido à alta dos preços da energia — em meio à guerra na Ucrânia, que fez o barril do petróleo disparar — a inflação ao consumidor dos países da OCDE acumulada em 12 meses acelerou de 7,8%, em fevereiro, para 8,8%, em março. No mesmo mês de 2021, esse indicador registrou alta de 2,4%.
Conforme o comunicado da entidade, foi a alta mais acentuada desde outubro de 1988. Cerca de um quinto dos países da OCDE registraram inflação de dois dígitos, com a taxa mais alta na Turquia, de 61,1%. Entre os países do G7, grupo das economias mais industrializadas do globo — Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Canadá e Itália — os EUA registraram a maior variação do custo de vida em março, de 8,5%.
“A inflação dos preços da energia na OCDE subiu para 33,7% em março, ante 26,6% em fevereiro, a taxa mais alta desde maio de 1980. Excluindo alimentos e energia, a inflação homóloga aumentou para 5,9% em março, após 5,6% em fevereiro de 2022”, destacou a instituição.
De acordo com a OCDE o índice de preços ao consumidor do G20, grupo das maiores economias desenvolvidas e emergentes, também acelerou na comparação do acumulado em 12 meses, passando de 6,8%, em fevereiro, para 7,9%, em março.
A expectativa do mercado é de que tanto o Fed quando o BC brasileiro elevem a taxa básica de juros hoje. As apostas são de alta de 0,50 ponto percentual nos Estados Unidos, para 0,75% e 1% ao ano. E, no Brasil, o consenso do mercado é de nova alta de 1,0 ponto percentual na taxa básica da economia (Selic), para 12,75% anuais, o maior patamar desde abril de 2017.