Afif deixa governo para coordenar a campanha de Tarcísio de Freitas

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ROSANA HESSEL

O ministro da Economia, Paulo Guedes, vai perder o fiel escudeiro de todas as horas. O assessor especial do ministro Guilherme Afif Domingos, que está na equipe econômica desde a transição de governo, deixa o governo ainda nesta semana para coordenar o programa da campanha do ex-ministro da infraestrutura Tarcísio de Freitas para o governo de São Paulo.

O ex-ministro-chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e ex-vice-governador de Geraldo Alckmin (PSD), Afif, é amigo de Paulo Guedes de longa data, mas tem a sua exoneração programada para sair no Diário Oficial da União (DOU) ainda nesta semana. O ministro, inclusive, fez o projeto econômico de sua campanha de Afif à Presidência em 1989, pelo PL, e indicou o amigo para coordenar a campanha de Tarcísio para as eleições deste ano.

O convite oficial ocorreu há menos de 20 dias em um almoço entre os três. E, a partir da próxima segunda-feira (9/5), Afif retorna para São Paulo para coordenar a campanha para o governo paulista do ex-ministro do presidente Jair Bolsonaro (PL), pré-candidato pelo Republicanos. O programa ainda será montado, mas fontes do governo contam que um dos primeiros integrantes da equipe que montará a parte econômica será o economista Samuel Kinoshita, que foi assessor especial do Ministério da Economia entre 2019 e 2021.

Na Esplanada dos Ministérios, o clima no governo é de tranquilidade diante do esfacelamento da terceira via. A expectativa é de que os dados da economia comecem a vir melhores do que o esperado pelo mercado, o que deverá ajudar no crescimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas e, com isso, alavancar a candidatura de Tarcísio ao governo do estado pelo Republicanos.

A expectativa é de que Márcio França (PSB) fique inviabilizado e o embate, apesar de o governador Rodrigo Garcia (PSDB) ter a máquina do maior estado brasileiro na mão, não deverá crescer tanto a ponto de evitar um segundo turno entre Tarcísio e Fernando Haddad (PT).

Para fontes do governo, o embate das eleições de São Paulo deverá ser entre Haddad e Tarcísio, que terá o número 10 nas urnas, um número que poderá ajudar na memória do eleitor, quando a campanha citar “Tarcísio é 10”. Os demais devem ter o interesse esvaziado pelos eleitores e a expectativa é de polarização, como ocorre na corrida presidencial.

E, para a campanha de Bolsonaro, a proposta econômica atual não deverá ter mudanças em relação à que foi feita em 2018. A meta é insistir nas mesmas medidas, como reformas tributária e administrativa — que não devem avançar neste fim de mandato — e insistir no programa de privatizações, além de focar em alguma proposta mais robusta para melhorar a contratação de jovens por micro e pequenas empresas, que é onde está a maioria das vagas de emprego.  Um dos mantras na Economia é de que o Auxílio Brasil, mesmo se for permanente, continuará sob as regras do teto de gastos.

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Vicente Nunes