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Em desvantagem na questão da vacina, Bolsonaro vai pressionar por programa social

Publicado em Economia

Integrantes do governo, que conhecem a fundo o presidente Jair Bolsonaro e viram a ira dele diante da sova que levou na redes sociais por causa da CoronaVac, estão convencidos de que ele começará a semana mais populista do que nunca, pressionando o ministro da Economia, Paulo Guedes, por um programa social para chamar de seu.

 

Bolsonaro está convencido de que a única forma de sair da desvantagem em que se encontra em relação ao governador de São Paulo, João Doria, é mexer com a parte mais sensível das pessoas: o bolso. Portanto, está convencido em lançar mão, o mais rapidamente possível, de um substituto para o auxílio emergencial, que acabou em dezembro.

 

O presidente não aceitará mais as justificativas de Guedes, de que as contas públicas estão em frangalhos. Segundo integrantes do Palácio do Planalto, se perdeu a guerra das vacinas, Bolsonaro terá que tirar proveito da economia. Ele sabe que, ao botar dinheiro nas mãos dos mais pobres, conseguirá reverter boa parte da maré negativa em que se encontra. E evitar a derrocada de sua popularidade.

 

O presidente não conseguiu a primeira foto com o brasileiro a ser vacinado contra a covid-19. Viu seus planos de trazer 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca da Índia serem frustrados. Perdeu feio nas redes sociais nos últimos dias — seus apoiadores ficaram sem desculpas ante o caos em Manaus e a aprovação da CoronaVac pela Anvisa — e o risco de impeachment voltou ao radar.

 

No entender de aliados de Bolsonaro, ainda há a possibilidade de o Congresso lhe tirar o protagonismo de um programa social, caso seja suspenso o recesso do Legislativo como defende o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e uma leva de parlamentares. “Tudo está jogando contra o presidente. Ele precisa reagir, e rápido”, diz um aliado.

 

Portanto, avisa um assessor do Palácio do Planalto, que Paulo Guedes se prepare. A economia voltará com tudo ao foco de Bolsonaro, pois ele sabe que está aí a sua tábua de salvação. Se não tirar notícias boas da economia, não terá como enfrentar o tiroteio no qual se meteu. Resta saber o que dirá Guedes.

 

Brasília, 20h01min