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Eleições de 2022 serão teste de fidelidade das Forças Armadas à Constituição. Vão embarcar nas loucuras de Bolsonaro?

Publicado em Economia

As eleições de 2022, cujos debates já estão nas ruas, serão o grande teste de fidelidade das Forças Armadas à Constituição. A pergunta que vem sendo feita dentro dos quartéis e do governo é se os militares vão comprar a tese de fraude nas urnas se o presidente Jair Bolsonaro perder a disputa pela reeleição.

 

No caso de derrota de Bolsonaro, as Forças Armadas, que avalizaram a candidatura do presidente em 2018, vão sair às ruas fechando o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a manutenção do capitão no comando do país? Ou vão se manter isentas e respeitar os resultados das urnas, como prevê a democracia?

 

Os altos comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica dizem que estão comprometidos com a Constituição. Mas é muito fácil afirmar isso faltando pouco mais de um ano e meio para os brasileiros irem às urnas. É importante ressaltar que, desde o fim da ditadura, nunca os militares estiveram tão presentes e misturados com um governo.

 

Ataque à segurança das urnas eletrônicas

 

O presidente já vem moldando o discurso de que pode ser vítima de fraude desde o final das eleições de 2018, na qual foi eleito. Na visão dele, sua vitória deveria ter sido no primeiro turno. E isso não aconteceu porque o sistema de votos eletrônicos permitiu irregularidades.

 

Seus seguidores radicais sustentam essa tese com frequência. E já começam a construir o discurso de que tudo está sendo preparado para tirar Bolsonaro do poder. A deputada bolsonarista Bia Kicis, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, é uma das maiores defensoras dessa ideia estapafúrdia. E defende a volta do voto impresso.

 

Em entrevista aos repórteres Renato Souza, Sarah Teófilo e Luiz Calcagno, do Correio, especialistas em questões militares, como o professor titular da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) João Roberto Martins Filho, acreditam que a recente demissão dos três chefes das Forças Armadas por Bolsonaro estremeceu as relações entre os comandantes e o presidente.

 

Mas isso não quer dizer que há um rompimento definitivo dos fardados com Bolsonaro. É importante ressaltar que, entre os militares, ainda há um forte sentimento de revolta com o PT, que os levou a mergulharem de cabeça na campanha do atual presidente da República. Com o ex-presidente Lula de volta ao páreo e com chances reais de ele ir para o segundo turno, esse sentimento vai imperar novamente?

 

Por isso, todos já se perguntam se realmente as Forças Armadas estão comprometidas com a Constituição. Para dissipar essas dúvidas, será preciso muito mais do que um discurso de apoio à democracia. Serão necessárias ações concretas contra as loucuras já indicadas por Bolsonaro.

 

Brasília, 07h38min