Dólar vai a R$ 4,21 com eleições e crise na Argentina

Publicado em Economia

HAMILTON FERRARI

A quinta-feira (30/08) está está marcada por um grande clima de tensão. Além das incertezas eleitorais, com um possível segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), os investidores foram surpreendidos pelo agravamento da crise econômica na Argentina, onde as taxas de juros saltaram de 45% para 60% ao ano.

 

O dólar já abriu o dia em disparada, e a moeda norte-americana era cotada, por volta da 13h, a R$ 4,20, com alta de 1,92%. Em alguns momentos, a moeda norte-americana chegou a ser negociada a R$ 4,21, mesmo com a intervenção do Banco Central, que ofertou 4,3 mil contratos de swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, no total de US$ 5,255 bilhões, antecipando a rolagem de vencimentos de setembro. O dólar já está na sua máxima histórica.

 

Diante do nervosismo, o Banco Central anunciou outro leilão, de 30 mil contratos, com vencimento entre novembro deste ano e abril de 2019, ou seja, depois das eleições e já no próximo governo. Esses contratos de swap estão avaliados em R$ 1,5 bilhão.

 

Na Argentina, o peso chegou a despencar 15,6% pela manhã, com US$ 1 valendo 39 pesos argentinos, Nunca, na história, a moeda argentina esteve tão desvalorizada. O BC daquele país interveio para tentar conter o derretimento da divisa local e, além de elevar os juros, aumentou o volume de recursos que os bancos são obrigados a depositarem, compulsoriamente, nos cofres da autoridade monetária.

 

No mercado de ações, no qual o nervosismo também é grande, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, registrava queda de quase 2%, nos 76.941 pontos. “Está um clima muito pesado. Daqui por diante, com a eleição pegando fogo, teremos muita oscilação nos mercados”, diz um analista.

 

O pior, segundo ele, é que países emergentes como Argentina e Turquia estão fraquejando. E isso, certamente, baterá forte no Brasil, que está numa situação fiscal muito frágil em meio a uma eleição dramática.

 

Brasília, 13h00min