Dólar fecha cotado a R$ 3,92 e Bolsa desaba quase 3%

Publicado em Economia

Foi um dia terrível no mercado financeiro. Diante das incertezas políticas e da incapacidade do governo de resolver os problemas fiscais do país, os investidores correram em busca de dólares e venderam o que puderam nas bolsas de valores. Como resultado disso, o dólar, que chegou a bater em R$ 3,96 às 14h45min, encerrou a quinta-feira (07/06) valendo R$ 3,92, com alta de 2,2%. O Ibovespa, índice de lucratividade do pregão paulista, desabou 2,98%, para os 73.851 pontos. Antes do fechamento, porém, chegou a recuar 6,51%, para os 71.162 pontos, num clima de pânico. No total, o valor de mercado das empresas caiu R$ 57 bilhões apenas nesta sexta.

 

O tamanho do nervosismo do mercado assustou o Palácio do Planalto, que pediu uma ação mais concreta do Banco Central para conter os estragos. Não por acaso, o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, convocou uma entrevista coletiva para às 18h30, depois dos fechamentos dos mercados. Ilan deve anunciar uma ação mais dura no mercado de câmbio para reduzir a volatilidade da moeda norte-americana, que já afeta a inflação e estimula debates entre os investidores sobre possível aumento dos juros.

 

O governo só esperava que o dólar atingisse os R$ 4 mais próximo das eleições, entre agosto e setembro. Mas a falta de um candidato competitivo nas eleições comprometido com reformas e a liderança de Jair Bolsonaro e Ciro Gomes nas intenções de votos estão enlouquecendo os investidores, que buscam proteção na moeda norte-americana. Agora, integrantes do governo já falam na possibilidade de o dólar atingir R$ 5 se realmente Ciro e Bolsonaro forem para o segundo turno.

 

A onda de desconfiança que varre o mercado pega o país em um momento delicado. O governo está completamente perdido, criando uma confusão atrás da outra depois da greve dos caminhoneiros, e não conseguiu resolver os problemas fiscais. A situação se agrava porque os investidores estrangeiros estão cada vez mais arredios a países emergentes, ante a perspectiva de aumento mais forte das taxas de juros nos Estados Unidos.

 

A situação está tão dramática, que o governo não está conseguindo colocar títulos públicos no mercado. Na verdade, o Tesouro Nacional está sendo obrigado a recomprar papéis, porque os investidores não querem ficar com mais prejuízos. O governo, inclusive, teve que suspender as negociações de títulos do Tesouro Direto.

 

Brasília, 17h59min