Nos piores momentos do dia, o dólar passou de R$ 4,66 e a Bolsa despencou mais de 6%. Há o temor de que a epidemia devaste a economia brasileira, que já mostra muitos sinais de fragilidade. Para os investidores, está se formando uma percepção de que o governo não sabe o que fazer para conter os estragos na atividade.
Também há a sensação de que o Banco Central — a instituição de maior de reputação dentro do governo — enfrenta dificuldade para se comunicar com o mercado. Ao mesmo tempo em que sinaliza que vai cortar ainda mais a taxa básica de juros (Selic), que está em 4,25% ao ano, o que estimula a alta do dólar, intervém, sem sucesso, para deter a valorização da moeda.
US$ 3 bilhões
A 12ª alta seguida do dólar ocorreu mesmo depois de três intervenções do BC no mercado, na quais injetou US$ 3 bilhões — após o fechamento do mercado, a instituição anunciou leilão de mais US$ 2 bilhões em contratos de swap para esta sexta-feira (06/03). Os investidores estão buscando proteção em ativos mais seguros, e aqueles denominados em reais são vistos como mais arriscados. O real é a moeda que mais está apanhando entre as divisas de países emergentes.
Segundo especialistas, no exterior, o dólar perdeu força frete a moedas fortes, mas subiu ante as de emergentes, com alta superior a 2% no México e na Rússia. Em São Paulo, diante do resultado do mercado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que “não tem nada de errado no câmbio”, frisou que o câmbio é flutuante e que a “flutuação do câmbio está num nível mais alto”.
O temor em relação aos efeitos do novo coronavírus é generalizado em todo o mundo. Tanto que as principais bolsas de valores do planeta registraram perdas. No Estados Unidos, os casos de contaminação pelo vírus dispararam. O medo é de que a economia global entre em recessão.
Brasília, 18h05min