Os empréstimos, porém, estão sendo feitos a juros menores. Em outubro, a taxa média ficou em 24,9% ao ano, a menor em mais de três anos. No acumulado de 2018, os juros no consignado para os servidores recuaram 2,6 pontos percentuais. Estima-se que, ao longo de 12 meses, o funcionalismo economizará, com as taxas menores, cerca de R$ 5 bilhões.
O governo, inclusive, conta com os juros menores do consignado como uma alavanca para a economia. O secretário para assuntos econômicos do Ministério do Planejamento, Marcos Ferrari, tem dito que esse é um dos pontos que vem sustentado o consumo das famílias, responsável pela retomada do crescimento econômico.
Na mira do governo
Os servidores estão na mira do governo. Além de terem o sistema de aposentadorias equiparado ao dos trabalhadores da iniciativa privada dentro do projeto de reforma da Previdência e de verem o reajuste salarial adiado, viram a contribuição para o regime previdenciário subir de 11% para 14%.
Na Esplanada dos Ministérios, o descontentamento dos servidores é grande. Eles reconhecem que a situação fiscal do país é gravíssima, mas reclamam que estão dando a maior cota de sacrifício dentro do programa de ajuste das contas públicas. Alegam que o governo avançou demais sobre seus ganhos.
O governo, por sua vez, argumenta que os servidores têm privilégios demais quando comparados aos demais trabalhadores. E cita, como exemplo, o rombo no Regime Próprio de Previdência (RPPS), no qual 1 milhão de aposentados e pensionistas responde por um rombo de R$ 75 bilhões por ano, quando, no Regime Geral (RGPS), 32 milhões de beneficiários provocam deficit de R$ 150 bilhões.
Muito do arrocho imposto pelo governo aos servidores está sob avaliação do Congresso. E a equipe econômica conta com a aprovação das medidas para cumprir a meta fiscal de 2018, de deficit máximo de R$ 159 bilhões. Os parlamentares, porém, estão sendo convencidos pelos servidores a brecarem o adiamento do reajuste de salários e o aumento da contribuição previdenciária.
Brasília, 14h25min