ANTONIO TEMÓTEO
Os diretores do Banco Central (BC) estão divididos sobre o fim do ciclo de corte de juros. Conforme a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu a taxa para 6,75% ao ano, houve uma divergência entre os membros do colegiado.
O documento informou que alguns membros manifestaram preferência por elevado grau de liberdade na comunicação sobre o próximo passo da política monetária, o que deixaria espaço para um novo corte de juros na reunião do Copom de março.
Outros membros propuseram sinalizar mais fortemente a possível interrupção do ciclo de flexibilização monetária e manter liberdade de ação, mas em menor grau. Os diretores do BC ainda debateram sob que circunstâncias seria apropriado interromper o processo de flexibilização monetária e em que contexto haveria espaço para mais um corte de juros de 0,25 ponto percentual, que levaria a Selic para 6,5% ao ano.
Na avaliação da autoridade monetária, a continuidade do ambiente com inflação em níveis confortáveis ou baixos abriria espaço para essa flexibilização adicional. “O mesmo ocorreria no caso de alterações no balanço de riscos que resultem em menor probabilidade de aumento de prêmios de risco e consequente elevação da trajetória prospectiva da inflação”, informou o BC.
Por outro lado, a equipe de Ilan Goldafajn destacou que a evolução da conjuntura em linha com o cenário básico do Copom, a recuperação mais consistente da economia e uma piora no cenário internacional favoreceriam a interrupção do processo corte de juros.
Na avaliação do diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, a ata do Copom deixou marginalmente mais aberta a discussão sobre a interrupção do ciclo de afrouxamento monetário, em sua próxima decisão, em março.
Com isso, ele ressaltou que a manutenção da taxa Selic em 6,75% ao ano deverá ser a opção no próximo encontro, mas que a probabilidade de novo corte de 0,25 ponto percentual aumentou. Vale lembrar que é a primeira vez que a equipe de Ilan Goldfajn explicita divergência na comunicação sobre os próximos passados do Copom.
Na avaliação do economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, o Copom parece inclinado a encerrar o ciclo de cortes da Selic. No entanto, ele alerta que não se pode descartar uma nova redução dos juros, principalmente, diante de um cenário em que a inflação continue surpreendendo para baixo.