ROSANA HESSEL
O ministro da Economia, Paulo Guedes, está tentando fugir, o quanto pode, de dar explicações ao Congresso Nacional sobre os investimentos no exterior em offshores revelados pelo vazamento da operação Pandora Papers. Mas, agora, passa pelo constrangimento de receber uma convocação formal para comparecer à Câmara dos Deputados.
A Comissão do Trabalho da Câmara dos Deputados convocou o ministro, por ofício, para ir pessoalmente à Casa e dar explicações sobre as offshores no próximo dia 16. O pedido acatado pela presidência da Comissão feito por meio de um requerimento do deputado federal Paulo Ramos (PDT-RJ). Parlamentares governistas tentaram blindar o ministro transformar a convocação em convite , mas não conseguiram. O ofício foi enviado, ontem (10/11), à noite ao ministro. Procurado, o Ministério da Economia informou que o ministro “tomou a iniciativa de encaminhar toda a documentação para os parlamentares”. “A mesma documentação que também já foi enviada à PGR (Procuradoria-Geral da República)”, acrescentou.
Desde 5 de outubro, os parlamentares da Comissão do Trabalho tentam ouvir Paulo Guedes sem muito sucesso sobre os investimentos no exterior revelados pela Pandora Papers. Esses recursos estão rendendo com a recente valorização do dólar, o que pode configura conflito de interesses do ministro responsável pela política econômica do país. O primeiro agendamento foi feito por meio de uma convocação informal, marcada para às 10h de ontem, data que foi escolhida pelo próprio ministro em um acordo entre as lideranças.
Como não compareceu, o deputado Paulo Ramos encaminhou o ofício para a convocação formal à presidência da Comissão do Trabalho, sugerindo data para a convocação do ministro, o que é considerado uma humilhação para qualquer integrante do primeiro escalão do Executivo junto ao Legislativo.
Caso o Guedes falte de novo, o ministro poderá ser enquadrado em crime de responsabilidade, conforme estabelece o item 3 do artigo 13, da lei 1.079/50. que define os crimes e regula o respectivo processo de julgamento das autoridades.
Vale lembrar que, na Comissão do Trabalho, o governo não tem maioria e o ministro será mais cobrado pelos parlamentares do que em outra comissão onde a base governista é maioria. E, como é conhecido pela falta de filtro nas respostas, uma audiência de Guedes com integrantes da oposição merece ser aguardado com um balde de pipoca.