Deputado paranaense troca o paletó, gravata e sapato por camisa de futebol, bermuda e botina

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RODOLFO COSTA

O recesso branco no Congresso está sendo bem aproveitado pelos parlamentares que permaneceram em Brasília trabalhando. No lugar dos tradicionais trajes passeio completo, com paletó, gravata, camisa e sapato sociais, no caso dos homens, deputados estão atuando com trajes esportivos, camisa polo e calça jeans. Alguns estão levando a flexibilidade na vestimenta ao pé da letra. O deputado federal Boca Aberta (Pros-PR) trabalhou bem à vontade nesta terça-feira (30/7). O parlamentar foi visto pela Câmara dos Deputados com a tradicional camisa do Londrina Esporte Clube — time do coração do parlamentar –, uma bermuda, e botinas.

O deputado minimiza as fotos obtidas pelo Blog, tiradas quando foi a um terminal do Banco do Brasil, no anexo IV da Câmara. “Não mudo minhas origens. Sempre ando de bermuda, botina e a camisa do meu Tubarão. O que eu sou na rua, sou sendo deputado, ou não. Muita gente fica incomodada, mas eu não devo satisfações a essas pessoas, e, sim, ao povo”, declarou.

Fã de futebol, Boca Aberta garante ao Blog que, rotineiramente, chega à Câmara com a camisa do Londrina. “Usei na posse e uso todo dia. Chego aqui e só tiro ela para trabalhar. Respeito o código de ética da Casa, que impede de trabalhar com outro tipo de roupa, para não ferir o decoro parlamentar. E vou continuar mantendo minhas raízes e origens”, afirmou.

Defensor da candidatura avulsa, Boca Aberta destaca que, enquanto outros parlamentares não estão no Congresso trabalhando, ele permanece em Brasília. E se orgulha da atividade desempenhada até então, em seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados. “Sou um dos deputados que mais apresentou projetos. São quase 41. Não tenho máscara, não tenho duas caras. Sou o que sou, aliado do povo”, disse.

O caricato parlamentar é conhecido do eleitorado paranaense, mas ficou conhecido nacionalmente quando entregou ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, um troféu, em audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Na ocasião, o ministro foi sabatinado sobre os vazamentos de conversas com procuradores da Operação Lava Jato. “Sérgio Moro equivale ao troféu da Champions League, a Liga dos Campeões. Troféu cobiçado pelas maiores estrelas do futebol mundial. O senhor merece, em nome do povo, esse troféu que o senhor recebe hoje”, declarou Boca Aberta, à época.

Normas

Consultada, a assessoria de imprensa da Câmara informa que não há restrições expressas em relação a trajes para ingresso na Casa. “O Art. 1º do Ato da Mesa 106/2013 prevê que ‘será permitido a qualquer pessoa, convenientemente trajada e portando crachá de identificação visível, ingressar e circular no Complexo Arquitetônico da Câmara dos Deputados, observados os limites e as condições deste Ato’. Não há, entretanto, nenhuma especificação ou restrição expressa em relação aos trajes para ingresso na Casa”, comunicou ao Blog.

A assessoria acrescentou, ainda, que as regras valem, inclusive, para visitantes. A norma que dispõe sobre o ingresso em dependências da Câmara está no Ato da Mesa 63/1980. O dispositivo, esclarece a assessoria, prevê que durante a realização de sessões, é exigido o uso de traje passeio completo ou uniforme para acesso ao Plenário Ulysses Guimarães e áreas adjacentes (cafezinho e salão verde). Nos dias em que não há sessão ocorrendo no Plenário, é permitido o uso de traje esporte inclusive nesses espaços.

Vicente Nunes