Em uma viagem a Durban, África do Sul, no fim de março de 2013, a então presidente da República atacou a postura ortodoxa de Hamilton em relação ao controle da inflação. Num discurso claramente direcionado ao BC, Dilma disse não acreditar “em políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico”.
Naquele momento, o discurso encabeçado por Hamilton era o de que o Banco Central estava disposto a subir a taxa básica de juros (Selic) mais rapidamente para conter a escalada inflacionária, mesmo que isso resultasse em crescimento menor do Produto Interno Bruto (PIB) em um período de tempo.
Logo após a declaração de Dilma na África do Sul, Hamilton rebateu a chefe: “A experiência internacional e a teoria econômica apontam inflação baixa e estável como pré-condição para o crescimento sustentável”. O então diretor do BC ficou tão mexido com o embate que chegou a pedir demissão do cargo, que não foi aceito.
Hamilton pronto para todas as missões
A amigos muito próximos, Carlos Hamilton diz que está pronto para assumir qualquer missão dentro do Banco do Brasil. Mas ressalta que não fará nenhum movimento para se fortalecer na disputa à sucessão de Rubem Novaes, que renunciou à presidente do BB na última sexta-feira (24/07).
A determinação do ministro da Economia, Paulo Guedes, é resolver a questão do Banco do Brasil ainda nesta semana. Ele esteve nesta segunda-feira (27/07) com o presidente Jair Bolsonaro para tentar fechar um nome para o comando da instituição que, ao mesmo tempo, agrade o governo e o mercado. O BB é uma empresa de capital aberto, com ações negociadas em Bolsa de Valores.
Além de Carlos Hamilton, três outros vice-presidentes do BB estão no páreo para comandar a instituição: Walter Malieni (Negócios de Atacado), Carlos Motta (Varejo) e Mauro Ribeiro Neto (Corporativo) — ele é o preferido de Rubem Novaes, de quem era braço direito.
Guedes descartou, por ora, o nome de Hélio Magalhães para o cargo, porque o considera estratégico na função que está hoje, de presidente do conselho de administração do Banco do Brasil. Magalhães já foi presidente do Citibank no Brasil.
Brasília, 15h15min