Correios suspendem férias, mas diretoria faz tour pelo exterior

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POR ANTONIO TEMÓTEO

O presidente dos Correios, Guilherme Campos, anunciou que a empresa será obrigada a fazer um duro corte de despesas para tentar sair do buraco no qual se encontra. Mas ele não se intimidou em autorizar uma caravana de vice-presidentes e assessores para o exterior, com tudo pago pela estatal.

Enquanto a quase totalidade dos funcionários dos Correios teve as férias suspensas e as horas extras cortadas, o grupo liderado pelos vice-presidentes Paulo Cordeiro e Eugênio Walter Montenegro Cerqueira passarão por quatro países entre 17 e 26 de março.

A comitiva, que inclui Jorge Alberto Ribeiro Elias, Oscar da Costa Karnal, Adelino Cândido Rodrigues Santos e Jorge Eduardo de Araújo, passará pelas cidades de Leipzig (Alemanha), Aarhus (Dinamarca), Estocolmo (Suécia), Londres e Coventry (Inglaterra). O tour está sendo chamado de “Expedição técnica aos hubs aéreos de encomendas”.

A empresa diz que os gastos com a comitiva estão previstos no Artigo 1º, Inciso IV do Decreto 1.387, de 7 de fevereiro de 1995. Uma leitura do decreto, porém, não encontra justificativas plausíveis para o embarque da comitiva dos Correios. Veja o que diz o Artigo:

Art. 1º O afastamento do País de servidores civis de órgãos e entidades da Administração Pública Federal, com ônus ou com ônus limitado, somente poderá ser autorizado nos seguintes casos, observadas as demais normas a respeito, notadamente as constantes do Decreto nº 91.800, de 18 de outubro de 1985:

I – negociação ou formalização de contratações internacionais que, comprovadamente, não possam ser realizadas no Brasil ou por intermédio de embaixadas, representações ou escritórios sediados no exterior;

II – missões militares;

III – prestação de serviços diplomáticos;

Os Correios, como diz seu presidente, enfrentam uma crise sem precedentes. Somente nos últimos anos, acumulou prejuízos de mais de R$ 4 bilhões. Os mortais da empresa só poderão, agora, tirar férias no limite do prazo previsto em lei, ou seja, um mês antes de completarem dois anos seguidos de trabalho. Todas as horas extras foram cortadas e contratos com prestadores de serviços devem ser cancelados.

Para a elite dos funcionários dos Correios, porém, a farra continua. A gastança com a viagem a quatro países será paga tranquilamente. É incrível que aqueles que estão no comando de estatais continuem acreditando que dinheiro público é capim, nasce em qualquer esquina.

Brasília, 18h30min

Vicente Nunes