A pergunta que mais vem inquietando os investidores é: quanto valerão os ativos em um eventual novo governo PT? Durante os últimos meses, os investidores apostaram todas as fichas que, com o ex-presidente Lula preso, o partido dele não teria força para chegar à reta final das eleições presidenciais com chances de vitória. Muitos desdenharam do poder eleitoral do líder petista, que montou uma estratégia vitoriosa para se manter em evidência mesmo estando atrás das grades. Hoje, boa parte do mercado não descarta a possibilidade de o candidato efetivo do PT, Fernando Haddad, estar no segundo turno e sair vitorioso das urnas.
Essa queda na real explica a histeria que tomou conta dos investidores nos últimos dias. Os preços do dólar e o Ibovespa, principal índice de lucratividade da Bolsa de Valores de São Paulo, passaram a incorporar o que os donos do dinheiro chamam de risco PT, a repetição da desastrosa política econômica que vigorou na reta final do governo Lula e imperou no mandato de Dilma Rousseff. O estrago foi tão grande que o Brasil ainda não conseguiu se levantar da recessão que deixou 13 milhões de desempregados e destruiu as contas públicas. O escolhido para comandar o país a partir de 2019 terá de encarar uma economia em frangalhos.
O PT faz de conta que não tem nada a ver com o desastre prolongado que aflige, sobretudo, os mais pobres, os grandes eleitores do partido. E teve a sorte de entregar o país a Michel Temer. Tudo de ruim que os governos petistas fizeram está sendo creditado ao atual presidente. Essa, inclusive, é a razão para 39% do eleitorado dizer que vota em Lula, caso ele seja candidato à Presidência. Muitos acreditam que, no Palácio do Planalto, o petista trará de volta, num passe de mágica, os bons momentos que permitiram a incorporação de quase 50 milhões de pessoas no mercado de consumo. É ilusão. Mas o PT sabe vender bem esse sonho, assim como soube criar um país fictício, no qual tudo ia bem, para reeleger Dilma.
Lava-Jato
Não são apenas os mais pobres que sonham em ter o PT de volta no comando do país. A vitória do partido interessa à elite corrupta, que torce, dia e noite, para o fim da Operação Lava-Jato. Alguém acredita que, com um petista na Presidência, as investigações que levaram Lula para a prisão, depois de ser condenado a 12 anos pelos crimes de lavagem de dinheiro e de corrupção, continuarão com a facilidade e a rapidez vistas hoje? Não é de se estranhar, portanto, que os principais líderes dos partidos do Centrão, que estão na coligação de Geraldo Alckmin (PSDB), alardeiam em alto e bom som que apoiam Lula.
Ainda falta um mês e meio para as eleições. Na opinião dos candidatos, é um tempo curto demais para uma campanha tão embolada e sem dinheiro. Mas, do ponto de vista daqueles que vão depositar os votos nas urnas, será possível amadurecer decisões com tranquilidade e, principalmente, juízo. O país não pode errar de novo. É imperativo analisar de forma criteriosa as propostas dos postulantes ao Palácio do Planalto. Viver do passado é perigoso. O Brasil precisa de um governante comprometido com reformas, que conheça a fundo os problemas da economia e não se deixe levar pela demagogia.
Brasília, 06h35min